domingo, 12 de outubro de 2008

O meu muito é, talvez, bem pouco. Acordar cedo em um domingo é sinal de que a madrugada não foi habitada por aquelas palavras e aqueles sorrisos que me fazem bem e que, quando ausentes, fazem falta, há um bom tempo. Enquanto minha mãe me fala das horas que eu não durmo, perder o sono pelos meus motivos é bem mais excitante do que deitar no meu travesseiro e sonhar todos os sonhos que cabem dentro dele. E, enquanto ela fala, eu lembro que essas horas, esses minutos são sim os melhores do dia.
O meu muito é, realmente, bem pouco. Não só pelas coisas realizáveis, mas também pelas minhas vontades. Por querer descobrir coisas mínimas do teu dia e compartilhar contigo coisas absurdas aos insensíveis; por querer te dar um abraço forte de bom dia e querer errar o ponto do teu café fraco com todos os meus dotes culinários. Enquanto minha lucidez se tele-transporta pra perto de ti segundos passam e refletem uma imensidão.
A tradução de imensidão, pra mim, são todos os detalhes, todas as imperfeições, todas as singularidades da tua pessoa. Mesmo quando eu acho tudo parecido demais comigo, tudo tão familiar e me assusto mesmo assim.
Hoje é Dia das Crianças, lembro de ti falando que era meu dia, mesmo eu não me sentindo nenhuma criança perto de ti. Lembro da mãe hoje de manhã cedo me abraçando e me entregando dois pacotinhos: dentro deles, chocolate e um livrinho. "Sorrir" dizia na capa, ela dizia que tinha achado a minha cara.
"Você sorria e falava comigo sobre coisa nenhuma e eu sentia que tinha esperado por isso tempo demais", eu e minha mania de bisbilhotar livros ao contrário, essa era a última página. E eu sentia, mais uma vez, que o meu muito, o que me faz muito feliz é realmente muito pouco. Muito simples, muito pouco mas muito para mim. Um universo que abrange de olhares e coisas-nenhumas que valem mais que mil palavras.

Não me arrependo e não trocaria essas alegrias por coisas poucas. Não mesmo.

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