segunda-feira, 14 de julho de 2008

Olhares, sorrisos, paradas, acordes no violão alaranjado e mais nada. Era fim de tarde, talvez pudesse pôr a culpa toda nesse calorão fora de época de um julho que mais parece quase primavera, mas não, prefiro dizer que não. Foram olhares, nenhuma palavra, sorrisos recíprocos, um ré bemol abafado e teus dedos afinando o violão. Não sei teu nome, não sei quem és, não te amo, não te possuo e não sei o que quero de minha própria vida. Talvez se eu realmente soubesse não teria flertado (de longe) contigo, mais por falta de caradepau do que por falta de juízo.
Enfim, descarto todas as possibilidades menos a do calor, a culpa é do calor de um corpo que tenho saudades, de braços que me acalentavam; a culpa é de quem habita meus pensamentos antes de dormir e depois de meus goles à mais. A culpa é de desenhos coloridos fugidos e cronometrados minutoàminuto em tardes de vento sul, de um mundo onde só existia verão por causa de um calor, agora ausente.
Não, eu não estão alucinada. Foram paradas, sorrisos, olhares e mais nada com alguém que nem conheço nem sei quem o nome. Quisera mesmo que fosse com outro. Mesmo, mesmo. Outro alguém que me assalta a memória e rouba a sensatez dos pensamentos, deixa um bom gosto na boca e um bom perfume no ar.
Talvez, além do calor, a culpa fosse daquele violão, do all star cinza e da camiseta preta dos Beatles. Ou, então, a culpa seja mesmo minha e dessa minha incoerente necessidade de te ter próximo, mesmo distante. Culpa muito mais minha, que tua.

E quando eu desci do ônibus, tudo ficou para trás. Era segunda-feira, 26°C, meu sono acumulado pesava nas minhas pálbepras e meus passos eram levementes diferentes do coração, bem diferentes.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

estranha.

Chega em casa, abre a porta e sem tirar a chave da fechadura estranha os móveis da sala. Violeta no potinho perto da lareira, cobertor em cima do gato, gato em cima do sofá estampado de gotas de café e chá, controle remoto pelos cantos, três pés de sapatos diferentes em cada canto da sala, cinco mensagens na secretária eletrônica que nunca serão ouvidas... Corre a vista: estranha sua própria vida - sem graça.