domingo, 4 de dezembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

MORMAÇO

Nâo precisei abrir os olhos para saber que estava ali. Fazia anos que não voltava ao sítio, já não me lembrava exatamente quando, mas sabia as circunstâncias do dia que parti. Calculei o tempo que havia se passado pelo jornal de seis anos atrás aberto na mesa do café, naquele dia fatídico. Mas tudo, tudo era tão intacto como se o tempo não tivesse passado. E sabia que estava ali, não só eu, mas eu também.
A casa do sítio era bem ventilada, mas as janelas fechadas há anos davam um ar morno aos aposentos. Enquanto a luz do sol adentrava pelas frestas da veneziana, fazia um calor morno, um calor de presença. Havia café, arroz e feijão nos armários, um chinelo descalço com barro na sola esquecido na varanda, e a camisola de Tereza já amarelada do tempo em cima da cama. Fechava os olhos na cadeira de balanço e a vinham lembranças do nosso tempo ali, juntos.
A tarde no sítio demorou a passar, cada embalo na cadeira de balanço durava em média 30 segundos, e cada um desses embalos trazia uma lembrança nova a minha mente e, a cada lembrança, chorava. Não secava as lágrimas porque a presença morna fazia com que elas evaporassem.
O sol já havia se posto, mas a presença morna permanecia. Embora tudo permanecesse intacto nesses passados seis anos, o sítio já não era o mesmo: os animais haviam sido vendidos, o pó tomara conta do que restara.
O pó tomara conta dos aposentos e das lembranças. Quando começou a anoitecer, fui para o quarto que era de nós dois. Já não havia mais sol, também não acendi velas nem lampião, mas aquele mormaço de sesta continuava invadindo as minhas entranhas e me fazendo suar, como se estivesse entre as paredes da casa.
Por causa da ausência de luz, adormeci. Não precisei abrir os olhos para saber que estava ali, que a presença quente nos lençóis e colchões era Tereza, mas, ainda assim, queria crer que tudo não passava de um sonho.
Quando acordei o calor já havia ido embora, os primeiros raios da manhã invadiam o quarto junto com um vento fresco. Olhei para o criado mudo do lado da cama e li num papel pequeno: que bom que você veio. Depois vi marcas de dedinhos pequenos na poeiria acumulada, e enfim soube que era você que estava aqui. Pensei e calei sorrindo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TOCAVA UMA VALSA LENTA

Conheci Stefan e Josephine nos bailes de gala. Desconheço, até hoje um par tão leve na dança e tão completo na alma. Eram dois, mas ao mesmo tempo eram um. Causavam inveja aos outros pares, tanto pela beleza dela, quanto por como Stefan sabia carregar uma dama na dança. Seu porte de homem dos negócios dava credibilidade a suas passadas, ao seu passo compassado. Nas competições, desbancavam qualquer outro competidor e, quanto mais dançavam, mais se conheciam nos passos e na vida.
Josephine era sempre estrela. Bailava como a flor de leão ao vento, quanto a assopramos. Bastava que a música soasse que valsava como ninguém. Possuía a juventude que faltava a Stefan, percebida pelos dezoito anos de diferença entre os dois. Mas, apesar da diferença de idade, se completavam. Stefan era muito mais sério que Josephine, enquanto ela fazia os passos de dança sorrindo, ele a carregava como se cumprisse uma obrigação. Apesar disso, ele gostava do que fazia, mas gostava mais ainda de fazê-lo ao lado da amada. Josephine era para ele um esplendor a ser exibido como titulo máximo de suas conquistas.
Não abandonava o ar sisudo do rosto por trás do nariz grande e dos olhos azuis enquanto dançava, e Josephine achava tanta graça disso que, às vezes, fazia gracejos que deixavam Stefan desajeitado. Ela era ainda muito menina e ele um inglês renomado no mercado de importação de tecidos. A dança era alimento do lado virtuoso Stefan, mas era o que mantinha a vivacidade de Josephine.
Josephine era uma moça doce no auge dos seus dezoito anos, por vezes sua volúpia encontrava uma brecha entre seu lado menina e seu corpo de mulher. Na dança clássica via uma forma de extravasar seu eu feminino tão aprisionado; no casamento com Stefan viu uma escapatória ao desejo de sua mãe em pô-la no convento. Stefan podia dar a boa vida que Josephine sequer sonhara para si: os bons vestidos, as boas óperas, os bons vinhos, viagens de navio e jóias. Eu os admirava ao longe e, por muitas vezes, quis estar no lugar de Stefan, mas, jamais, chegaria a sua altura na dança. Jamais teria o porte de conduzir uma mulher de tamanha grandeza.
Gostava somente de admirá-los, no início. Acompanha os festivais de dança da cidade, fazia minhas apostas no casal, por vezes flertava Josephine que, de forma cruel, poucas vezes retribuiu as minhas olhadelas indecentes. Ela amava Stefan, era o que eu pensava, depois percebia que não deveria ser amor: a relação entre os dois era mais uma forma bonita de gratidão. Josephine era grata a Stefan por tudo que era, por tudo que possuía. E, talvez, mesmo sem amá-lo era fiel. Sua fidelidade aguçava ainda mais meus desejos dissimulados. Imaginava-a nua, pensava em invadir os camarins dos salões de dança para sentir seu corpo cálido. Pensava que Stefan não merecia uma mulher tão decente e ao mesmo tempo tão bela. Minha obsessão cresceu de tal modo que já não podia mais deixar de pensar em possuí-la. Minha admiração se tornou tão doentia que, por vezes, acabava pensando em um plano para invadir seu dormitório e raptá-la. De qualquer forma, Josephine teria que ser minha. Ou seria de ninguém.
Com o passar dos dias minha vontade de tê-la era cada vez maior, já não controlava meus instintos. Entretanto precisava parecer controlado frente a Josephine, pois minhas tentativas de aproximação eram cada vez mais freqüentes, embora sem sucesso. Quando soube que Josephine e Stefan haviam sido convidados para fazerem, juntos, uma viagem pela Europa, enlouqueci. Com as economias que tinha tratei de comprar passagens no mesmo navio que os dois e de reservar uma suíte no mesmo hotel em que eles se hospedariam. Josephine tinha seu preço e eu estava disposto a arcar com o que fosse preciso. Contava os dias para que o embarque chegasse, seria uma forma de nos aproximarmos e para isso já havia pensado em convites para passeios pelo convés enquanto Stefan se distraía conversando sobre negócios com investidores.
As semanas se passaram e o dia do embarque chegou: fazia um dia azul e Josephine vestia amarelo. Instalei-me nos meus aposentos e tratei de conhecer logo a distância que nos separava. Imaginei nós nos cruzando pelos corredores: eu seria gentil, pois era preciso ganhar sua confiança, antes de tudo. Todas as noites, quando deitava imaginava seu corpo roçando no de Stefan e tinha nojo desta realidade tão latente. Na verdade, Josephine sempre dormia sozinha, enquanto Stefan apostava grandes quantias na mesa de poker, mas disso, eu somente soube depois. Pouco vi Josephine nos nossos dias a bordo, ela apenas saía de sua cabine para tomar o sol da manhã. Pouco antes de atracarmos soube que seu desaparecimento se deu devido a uma indisposição. Pensei que seus dias de doença a sós sem Stefan teriam sido a oportunidade perfeita para tomá-la, mas tive pena da pobre moça: não era certo usufruir de sua fraqueza. Nos nossos dias distantes, escrevi muitas cartas em que dissimulava sobre os momentos a dois que sonhara para nós.
Ao desembarcar do navio, Josephine foi a um médico; eu fui ao nosso hotel. Na nossa primeira noite em terra firme, foi servido um banquete para a tripulação que se hospedara ali. No meio do banquete, se ouviu um tilintar de talheres na taça de cristal: era Stefan. Ele agradeceu a todos, fez as honras à casa e anunciou aquilo que meus ouvidos não estavam preparados para ouvir: Josephine e ele teriam um filho.
Se, já me era custoso dividi-la com um homem só, imagine com uma criança? Uma criança crescendo em seu ventre perfeito. Eu não podia admitir um fruto do amor de Stefan por Josephine. Josephine teria que abnegar a dança, abrir mão do que mais lhe satisfazia pela maternidade. Pensei que poderia livrá-la deste fardo.
Precisava pensar rápido num plano infalível para tê-la, pois, com o passar do tempo, a maternidade tornaria meu desejo inviável. Bebi mais uma taça de vinho e tratei de ir para meu quarto. Naquele momento já não conseguia mais discernir em que ponto minha singela admiração por uma mulher havia se transformado numa tirania carnal. Subi os andares de escada fingindo que bailava com um ser invisível, os mensageiros do hotel supostamente pensaram que meu devaneio era fruto de uns goles a mais, e pouco me importava o que pensassem. Cheguei a porta do meu quarto e decidi voltar para onde jamais deveria ter ido. Esperei no corredor Josephine se dirigir aos seus aposentos, a porta entreaberta e a média-luz significavam que Stefan chegaria em breve. Aproveitei sua distração e me escondi na ante-sala da suíte. No salão de festas, tocava uma valsa lenta.
Antes de Stefan chegar, tratei de realizar meu feito. Se Josephine não poderia ser minha, que não fosse mais de ninguém. Os hóspedes do andar ouviram o disparo. “Adeus Josephine, perdi você, estou perdido”, foram minhas últimas palavras para ela. Stefan entrou correndo no quarto como se premeditasse o irremediável. Ouviu-se mais um disparo, e quando os homens chegaram só havia um corpo abraçado num corpo de mulher nu.
Eu observei a cena de sangue ao longe. Foi-se Josephine, foi-se Stefan. De meu segredo, poucos desconfiam. Passado tanto tempo, agora já me permito dormir em paz.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

MARINA E O MAR

Seus sonhos eram grandes demais para as mentes pequenas, era o que vovó dizia. Da primeira vez que viu o mar, chorou. Da segunda vez que viu o mar, deixou ser lágrima pra virar oceano. Somente vovó a compreenderia.
Marina havia nascido sem nome num início de outono dourado. Foi sua avó quem, horas antes do batizado, sugeriu que aquele bebê doce se chamasse Marina. Sua família, sem muita prática com bebês e sem muita sensibilidade pras coisas simples da vida, deixou assim; mas sua avó sabia do quanto o mar guiaria sua vida dali em diante e sabia do quanto os sonhos daquela criança seriam maiores do que ela mesma, transbordariam em sua existência.
Marina morava no cerrado, conhecia o mar apenas pela televisão e pelas histórias que ouvia contar quando era criança. Era sua avó que falava sobre as coisas bonitas do mundo e, principalmente, sobre o mar. Quando ela faleceu, Marina disse pra si mesma que iria em busca daquilo que tanto imaginara nas histórias infantis: as águas cristalinas, a areia branquinha.
Durante dezessete anos nutriu no seu inconsciente as tantas lendas que sua avó contava; entre sereias, marujos e conchinhas valiosas construiu em sua mente aquilo que não conhecia visivelmente. Mas conhecia o mar porque o carregava em sem nome. E, a cada dia que se passava Marina achava mais absurdo levar o mar no nome sem conhecê-lo. Marina, aquela que veio do mar, só tomava banho de cachoeira. O mar, entretanto, era tão presente em sua vida que, todos os dias, se fazia presente em seus sonhos.
Além dos livros de história, imaginava sua própria história, lembrava dos tempos da infância em que queria ser uma sereia, mas depois de crescida se sentia injusta para ser – embora tivesse os cabelos dourados e cacheados e a pele doce de uma. A injustiça não era para si, mas se sentia injusta com o mar. Ela levava o mar em seu nome, mas era o mar quem a levava. Achava tão injusta essa dependência de algo que não conhecia que, um dia, ao acordar de madrugada ouvindo os grilos contentes na escuridão da rua pensou em quitar sua dívida com as águas.
Não sabia a distância de Luiziânia, no interior de Goiás, até o litoral, muito menos quanto custaria sua empreitada. Contudo, sabia no quanto seu desejo crescia a cada dia. Deixou o dia raiar para pensar melhor, não pensou. No fim de tarde já havia ficado sabendo de um senhor ranzinza que iria a São Paulo resolver problemas de saúde com sua esposa. Marina vendeu seu violão, juntou suas economias, contou suas moedas e saiu de casa com uma mala pequena e os sonhos grandes na mente. Sua tia disse que “aquela velha maldita enfeitiçou a menina com essa história de mistérios do mar”, sua mãe se calava e rezava para Santa Rita junto com uma vela acesa na mão, seu pai vinha do trabalho na pequena plantação da família segurando a enxada e pensando na desgraça do seu nome na vizinhança, alguns vizinhos jamais voltariam a comprar suas hortaliças com medo do feitiço, isso era o que temia. Mal sabiam que o mar havia enfeitiçado Marina no seu nascimento, por chamar-se assim. Marina partiu na madrugada do dia seguinte, deixou um bilhete na mesa dizendo “mãe, não me espera que eu volto tarde” como se isso fosse uma atividade normal que fazia pela cidadezinha, porque pra ela, era a sua missão.
Nos muitos quilômetros que se seguiram num fusca azul bebê, Marina sequer pregou o olho. Pensava em coisas como “e se perdesse o mar?”, tanto esforço, tanta espera teria que valer a pena e por isso sacrificou-se. Os velhos não disseram uma palavra durante toda a viagem, Marina, no banco de trás, tentava imaginar seus pensamentos, mas ver a pobre senhorinha de cabelos prateados febril por horas e horas a deixava triste. Na sua tristeza, lembrava do violão vendido por uns trocados e na imagem de sua mãe rezando para Santa Rita; quando a tristeza passava, voltava a lembrar das histórias de sua avó e a angústia tomava conta dos seus pensamentos. De tanto pensar, dormiu. Pela primeira vez em muitos anos, não sonhou com o mar, sonhou com um deserto, estava no meio dele e sentia a areia ventando no seu rosto. Quando acordou, olhou pela janela embaçada e viu que já era dia, cortando o silêncio de horas e horas o velhinho ranzinza parou o carro e disse “filha, isso é o mais perto que posso te deixar do mar”. Marina não pensou duas vezes, juntou sua mala pequena, e em questão de segundos se via do lado de fora do fusca azul agradecendo pelos quilômetros rodados e desejando saúde para a velha senhora. Marina sabia que dali em diante teria que andar, e andou, andou até o mar.
Avistou o mar já cansada, os pés doíam, o sol ardia na pele branquinha, mas ainda sentia forças para correr. Viu a areia branca, imensa, e se sentiu completa. Fazia calor, e era calor o pretexto para entrar mar adentro. Marina primeiro chorou, depois sentiu a areia molhada nos pés, deixando-os afundarem. Depois, a cada onda que via chorava pulando cada uma delas com a roupa do corpo, deixando, aos poucos, os cachinhos dourados molharem as pontas. Quando percebeu, já não havia separação entre ela e o mar: eram um corpo só. Marina, aquela que veio do mar, voltou para onde jamais devia ter saído. Marina virou um dos mitos que sua avó contava, deixando de ser lágrima para ser oceano.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

das manias que herdei da minha vó, uma é o sentir frio pelos outros.
lembro quando era pequena e ela sempre contava minhas camadas de roupa, que eram e ainda são muitas.
bolacha maria, fogão a lenha, cascas de laranja secando no fogão, infância.
deve ser por isso que me tornei friolenta assim, fui mal acostumada.
pés, mãos, dedos, rosto: tudo gelado, ainda mais onde não há como cobrir.
em dias frios como hoje, se vejo alguém sem roupa por opção, sempre me pergunto como pode alguém passar frio por escolha. e o pior, gostar. porque uma coisa e não sentir, a outra é ignorar que o corpo precisa estar quentinho e coberto.

e ai de quem me vier dizer que frio é psicológico; se fosse, ninguém morreria de hipotermia, sem opção, todos os anos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

acho engraçado o ritmo das coisas, como elas acontecem. do nada senti vontade de por aquele kings of convenience das horas certas pra tocar, fez todo o sentido: o dia cinza lá fora, o chão molhado.
pensei que não escreveria mais aqui. pois venho escrever.

sempre fui de fases musicais, mas com kings of convenience não é assim. nossa relação não satura, não se desfaz. começo a ouvir e é como se nos conhecessemos a anos, com a mesma intimidade, a mesma sincronia desde aquele agosto de 2009 quando fomos apresentados. agosto chuvoso, de ausências.

I'd rather dance, I'd rather dance with you: é isso que toca. e no que eu penso? em uma dança que sequer existiu com os pés sujos de areia da praia, num fim de tarde, com um vestido leve, branco, a pele bronzeada. lembro de ti correndo atras de mim pela praia e nós dois caindo na areia e, depois, um beijo. uma lembrança feliz, eu diria. com a mesma intimidade, a mesma sincronia de sempre.
"I'd rather dance with you" pois sei que, quando estou contigo, nós dançamos qualquer música que tocar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

todos os blogs que eu lia, foram abandonados pelas pessoas que eu conhecia.
inclusive yo.
mas eu não sei se me conheço bem.

sei que abandonei, essa parte que eu tinha.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

bobinho

olhei para o relógio e disse pra mim mesma que ia deixar tu dormir mais. mesmo não podendo te ver, é bonitinho saber que tu sonha com coisas bonitinhas agora.
eu, sinceramente, dava bastante coisa pra te ver grunhir baixinho, pra roçar teus cabelos, zelar teu sono.
me faz falta, mas me faz mais falta ainda saber que não tem tu aqui pra me ver acordar, me olhar dormindo.
por isso te deixei dormir, vou até te acordar, sem me importar caso tu queira dormir mais.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tenho atraso de leituras
de sentimentos e distâncias também

de aquietar em mim o inexplicável,
de amar, (des)amar, amar
só não atraso sentimentos.

Não tenho pressas, urgências
os vazios eu fechei, transbordou por dentro.

Aprendi a usar relógio analógico
mas os ponteiros perderam o compasso
- o ritmo natural das horas enloqueceu.

Já me perdi, mas me encontrei além do tempo espaço
quando quiser me perder de novo
é só controlar meus atrasos em mim.
passado vestibular, correrias & estresses sinto que preciso transpor pras palavras os significados desse ano de passagem.
quando recebi a confirmação de que meu local de prova da ufrgs seria no campus do vale logo percebi que isso seria resgatar meu passado e anunciar meu futuro. cresci e respirei a agronomia durante toda minha vida escolar; nesse último ano, uma das coisas que mais senti falta era descer do ônibus com barulho de buzinas ao invês de passaros e das bergamotas no sol em boa companhia.
nos quatro dias de prova dormia tarde e acordava cedo, das 6:15 as 6:30 me dava ao luxo de quinze minutos que faziam passar na mente parte da minha existência e parte do significado do que, na verdade, aquelas provas representariam: não por questões, muito menos por conteúdos; o que me inquietava era (e ainda é) o quanto eu precisava crescer depois de um ano inerte.
agora, passado toda a reviravolta acalmo em mim algumas coisas, e anseio tantas e tantas outras. sou nova, eu sei, mas já tenho tantas coisas que me completam... acontece que a saciedade não tem inicio, nem fim. a felicidade também, quanto mais a gente se aproxima, mais ela se afasta.

sábado, 1 de janeiro de 2011

queria o dia de ontem há um ano atrás

ainda me lembro das horas que antecederam as outras tantas horas de viagem no último dia do ano pra te ver, e a minha angústia pensando que não chegaria a tempo de passar a virada contigo. hoje, a minha angústia é esperar e contar os dias que faltam pra gente se rever e se abraçar, como naquele dia 31 de dezembro.
ontem, eu queria o dia de ontem há um ano atrás. isso mesmo. se eu fechar os olhos ainda posso lembrar de tudo que antecedeu o nosso encontro até nos mínimos detalhes: a tua moto parando no meu portão, o portão se abrindo, aquele nosso abraço, aquele teu cheiro bom e a sensação de que eu tava protegida dentro daquele abraço.
se fosse agora, nada disso seria diferente. mas depois de conhecer e de sentir tanto carinho nas últimas horas do ano, tenho que admitir que essa virada de 2010 pra 2011 foi um tanto quanto sem graça. queria nossas coisas de novo, dividir um sorvete de melão contigo depois da meia noite, correr ruas, pegar vento e ver os fogos. eu vivo tão sozinha longe de ti que até as coisas mais pequenas me fazem falta nessa hora.
desejo tudo de melhor em 2011 pra ti, pra mim, pra nós, e um final feliz pra esse meu desejo de virada de ano feliz, se é que me entendes.