sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Durante todos os dias, de todo o tempo que passaram juntos ela sempre fora um mundo novo pra ele. Estatura pequena, mil e um mistérios a serem descobertos, pouco menos de sete botões a serem abertos na blusinha de frufru. Uma boca macia, um perfume fresco. Olhos castanhos de caleidoscópio, mil e uma formas em uma só, a constelação num sorriso branquinho, mil fios de cabelos, calor primaveril nas bochechas. Podia não ser perfeita, mas sua presença era tão infinita quanto única. Pra ele.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

microconto

Tinha as ideias mais brilhantes na hora do banho - ou elas viravam espuma, ou se iam pelo cano.

microconto

Morava no 15º andar, só. Em dias de chuva apreciava o ballet das sombrinhas, isso era o mais bonito que seus olhos podiam suportar.

microconto

Erámos como flocos e melão, nós e nossos sorvetes. Embora não combinássemos, estávamos sempre doces sentados na sorveteria.

microconto

Madrugada de cinzas e silêncios: sonhando que podia voar, debruçou-se na sacada do edifcio. A avenida acordou estampada no jornal.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Se você não me reconhece mais andando pelas ruas, não chama mais meu nome, não crê que quem mudou fui eu. Talvez sejam os caminhos que mudaram, nossos papos não se encontram mais. Pensa no tempo - esse sim passa, esse sim muda. Mas não pensa que quem mudou fui eu. Continuo sempre a mesma, talvez mais eu, talvez eu mais minha. Não mudei mudando, pode me olhar de perto! O que mudou foi minha forma de ser, pois não faço mais nenhuma questão de buscar ser o que esperam que eu seja de mim.