quarta-feira, 30 de junho de 2010

dos sonhos que eu tenho

Sou pequena, eu sei. Mas já dizia Drummond: "sou do tamanho daquilo que vejo, não do tamanho da minha altura". Mesmo sendo pequena tenho 1,59 metros de sonhos, e isso todos sabem. Sonho com tantas coisas que eu gostaria de ser, de fazer; mas também sonho com coisas simples. Ja fiz dois vestibulares (acho que as pessoas são novas demais pra decidir seu futuro, isso é uma coisa que só depois dos trinta se tem noção, eu acho - mas isso já é outra história) vivo na loucura de uma cidade grande como Porto Alegre e confesso que volta e meia isso me cansa. Não é essa a vida que quero pra mim! Talvez seja por isso que só pense em ter uma família (com filhos) daqui há um bom tempo e em uma cidade pequena. Falta em muitas pessoas a sensibilidade e calmaria que só as cidades pequenas nos dão.

Enquanto continuo sonhando e tentando ser nada de tudo que eu já pensei um dia, acho essas de fotos baixo perdidas por acaso. Definitivamente não me importaria de viver assim, eu seria muito mais feliz.




quarta-feira, 23 de junho de 2010

Metades

Porque, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. O quanto uso das partes que brigam dentro de mim. Há muito, eu me confundo. Porque metade não tem medo e levanta os braços, na descida da montanha-russa. Olhos abertos, enquanto outra acha melhor enfrentar a queda com as mãos na barra. Segurando forte. Espremendo os dois olhos, fechados, desde o começo do percurso. Das travas descidas sobre a barriga. Porque metade prefere brincar na beira da praia. No raso. Enquanto outra não vê problemas em pular dezenas de ondas e nadar onde a pequena bandeira vermelha, agitada pelo vento, avisa sobre o risco. Sobre a possibilidade de afogamento. Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Me confundo com as metades que brigam dentro de mim. Porque parte acelera na estrada, no momento da curva fechada. Pé direito até o fim, enquanto outra freia, bruscamente, ao ver a primeira placa. Seta torta, avisando sobre o perigo. Metade não suporta a burrice, a pequenez, a lerdeza. Outra, sempre calada, tolera a banalidade. Engole a ignorância. Convive com a mediocridade. Há muito, eu erro a mão. A dose. Me confundo com o que devo usar. Porque metade briga. Explode. Aponta o dedo na cara, enquanto outra se recolhe, quieta, debaixo da cama. No quarto fechado. No tudo escuro. Eu tenho uma metade que berra. Outra que sussurra. Uma parte que acredita em finais felizes. Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado. Eu tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha. Metade auto-suficiente. Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. Me perco. Há dias em que uso a metade que não poderia. Dias em que me arrependo de ter usado a que não gostaria. Porque elas brigam dentro de mim, as metades. Há algumas mais fortes. Outras ferozes. Há partes quase indomáveis. Metades que me fazem sofrer nessa luta diária. No não deixar que uma mate a outra.

(Eduardo Baszczyn)
*da série de coisas que eu gostaria de ter escrito.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças



Assisti ao filme da foto há um certo tempo, numa outra fase, com outros gostos e com uma ingenuidade que perdi com o que fui obrigada a sentir. Recentemente tenho me lembrado dele, chama-se "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças". Sei que, mesmo representando uma fase da minha vida que já passou, possui inúmeros significados que não cabem ao momento ficar listando aqui, até por que já não me fazem mais sentido. Se me perguntarem se foram momentos bons ou ruins, hoje eu diria que um pouco dos dois, um misto, porque até as poucas coisas mais bonitas que restaram, já me foram amargas demais e agora são apenas "o pouco que sobrou" e que eu guardei.
É exatamente por isso que recorro a ele. Joel e Clementine me ensinaram que nem tudo resiste ao tempo, quem dirá a memória. Nós temos a curiosa necessidade de relacionar filmes, lugares, coisas, frases, cheiros e o que mais a mente humana permitir a pessoas. Acontece (e é inevitável que aconteça) que as pessoas se vão, mas as coisas ficam. Na memória as lembranças ficam também, mas começam a ficar menos nítidas e vão se apagando, depois ou são substituídas por outras mais recentes ou, simplesmente, esquecemos que elas um dia existiram.
Faz parte, é inevitável. Em nenhum momento tive a intenção de remoer ou "relembrar" o passado nesse post, aliás, se o quisesse transformaria meu passado em presente de uma forma bem simples e direta. Contudo, é muito claro pra mim que não é isso que quero. Inclusive, estou extremamente satisfeita com as coisas boas que meu presente têm me dado: com ele pude reconstruir tudo que havia deixado de acreditar existir nas pessoas, assim como da capacidade de se gostar verdadeiramente de alguem. Por isso insisto em fazer com que no dia que meu futuro se tornar passado seja de uma forma diferente do que já senti e sem as amarguras, medos, inconpreensões reciprocas e dores que meu passado me trouxe e que demorei a curar ou a entender.
Por muito tempo não toquei nesse assunto, evitei expor-me. Agora, vejo o quanto meu silêncio fez sentido: somente com ele consegui desocupar minha mente. As vezes é preciso calar pra entender a sí mesmo, as vezes também é preciso limpar a terra, cuidar do solo, arar o chão e só então plantar pra se colher bons frutos. A analogia é clichê, mas é real. Confesso que só me recuperei da dor da queda quando essa dor já não me doía mais. Depois, fui reaprendendo a sentir, mas confesso que sempre tenho medo que minha felicidade tenha o mesmo fim. Só consegui afastar certas lembranças ruins (e as boas também) de mim quando tive novas lembranças pra encher minha memória.A gente só cura feridas abertas com amor próprio, e só então consegue curar as feridas dos outros.
Hoje, sei o quão grata sou a àquele que me fez me sentir feliz e completa de novo, e de um modo que eu ainda não conhecia. Sei também o quanto devo agradecer e ser agradecida por encher e me encher de esperança num amor bonito, sem rasuras ou rachaduras. Também sei o quão valioso é o que tenho, e agradeço por quem faz eu me sentir importante as cinco da madrugada no portão da minha casa, num despertar remelento as sete e meia da manhã ou em qualquer outra hora do dia seja a 500km de distância ou a 500 metros da minha casa.
Quanto ao filme e à tantas outras coisas aprendi que as pessoas vão e as coisas ficam. Ou melhor, as pessoas nos deixam o tempo todo e deixam tudo que um dia significaram pelo caminho ou no lixo, a quem preferir assim. Mas cabe a nós saber se as pessoas são dignas de ficarem na memória ou de serem apagadas.

(Não quero que esse post vire auto-ajuda, jamais! Mas aprendi que a maior 'auto-ajuda' a gente acha dentro de nós. É dificil? Sim, é obvio que é, mas ninguém nos entende melhor do que nós mesmos pra saber aonde vamos nos encontrar e aonde podemos nos perder, né?).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Porque era ela, Porque era eu

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu

(Chico Buarque de Holanda)

domingo, 13 de junho de 2010

Os Teus Pés


Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.


(Pablo Neruda)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Havia Marylins Monroes e toda gana de Fords, "I Love New York" teu vidro dizia. Teu cheiro lembrava James Dean que eu nunca vi e você me falava que eu já vivi. Teu relógio certeiro cortou minha lágrima, teu lenço em meu cabelo não deixou de sorrir e toda Chicago que havia em teu quarto você pôs aos meus pés e pediu pra eu não ir.
Você fez a cama e o jantar, quebrei teu espelho no meu dedo, você limpou meu azar. Sofia Loren também estava presente Le Homme, La Femme ensinava pra gente: O neoromantismo acabou por ficar. Só tenho pena do tango que eu massacrei ao dançar. Áfricas de ousadias nos navios pendentes, negro aflorava teu beijo mais quente afrontando meus lábios e eu pude sorrir.
Qualquer affair, qualquer delícia.
Alan Delon pode copiar teu cabelo e era meu o vestido vermelho que cheirou tuas mãos antes de mim. Havia qualquer condimento asiático, o filme no vídeo era muito mais rápido e teus olhos eram os meus que olhavam pra mim. A primeira lágrima no momento foi tua e estava tão perto que eu bebi.
Havia um blues, uma coca em lata. A saudade do que a gente não conhecia nos ensinou a refletir. Teu relógio certeiro cortou minha lágrima, teu lenço em meu cabelo não deixou de sorrir e toda Chicago que havia em teu quarto você pôs aos meus pés e pediu pra eu não ir.

Viagem - Leonia Oliveira

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu aqui, tu aí. Não os 530 km de costume, mais um pouco, quase 600 segundo o google maps. É esquisito, tu ai, eu aqui. Eu tão acostumada com as minhas boas e velhas coisas, e tu num mundo que eu nem sei como é, com cores que eu não conheço, ruas que eu não conheço. Sei que uma semana passa rápido, eu sei. O que me dói, me inquieta é essa distância que eu não conhecia, que tô tendo que conhecer mesmo sem querer. É tudo tão vazio! Chega tal hora e inconscientemente penso em te esperar, em te contar o meu dia e ouvir o teu; tenho saudade das nossas coisas boas e bobas. Confesso que acordo durante a noite e ainda parece que tô dividindo o mesmo colchão de solteiro contigo, quando te confesso isso tu me diz que essa verdade é a mesma pra ti.
Como não sei nada do universo que tu está habitando agora, eu fico pensando coisas atoa como por onde tu andará, o que tu estará fazendo, qual teu cheiro agora, qual teu sorriso... Coisas tão simples e tão bobas e tão intensas e tão nossas.
Calo buscando-te em mim. Calo querendo teu sorrisinho timido, mas tão sincero. Fico pensando se tu andou descalço, a quantas anda a tua gripe, se te alimentou bem, se fez a barba, se tá quentinho nesse frio de junho. Me faço tantas perguntas, menos bobas que as de antes, as de agora são mais bonitinhas, das besteiras do mês passado eu já esqueci...
Calo buscando a parte de ti que tu deixou em mim anteontem no meu portão (e já parece tanto tempo). Dessa vez tu levou e me deixou uma parte bem maior que das outras vezes (e sei que a parte tende a ser cada vez maior). Sei que tu só vai ler essa confissão quando voltar, mas queria por em palavras que sinto tua falta. Mais do que sentir tua falta queria rir contigo, sentir teu calorzinho, saber que tu tá bem e ficar bem também. Dizer que sinto tua falta em quase tudo é tão clichê, mesmo sendo sincero. É inevitável não pensar em ti, queria te esperar com um abraço bem apertado & pequeninho, um abraço bem meu.
Antes de dormir, como de costume, sempre penso em nós. Agora penso com mais força, fecho os olhos e pego no sono mais rápido... É dormindo que te tenho pertinho de mim, como num sonho. No sonho real que a gente vive.

pra lembrar de nós dois

quarta-feira, 2 de junho de 2010

eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
pode ser cruel a eternidade
eu ando em frente por sentir vontade

terça-feira, 1 de junho de 2010

"A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registro da realidade e um auto-retrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira" (Gérard Castello Lopes)