quinta-feira, 17 de junho de 2010

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças



Assisti ao filme da foto há um certo tempo, numa outra fase, com outros gostos e com uma ingenuidade que perdi com o que fui obrigada a sentir. Recentemente tenho me lembrado dele, chama-se "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças". Sei que, mesmo representando uma fase da minha vida que já passou, possui inúmeros significados que não cabem ao momento ficar listando aqui, até por que já não me fazem mais sentido. Se me perguntarem se foram momentos bons ou ruins, hoje eu diria que um pouco dos dois, um misto, porque até as poucas coisas mais bonitas que restaram, já me foram amargas demais e agora são apenas "o pouco que sobrou" e que eu guardei.
É exatamente por isso que recorro a ele. Joel e Clementine me ensinaram que nem tudo resiste ao tempo, quem dirá a memória. Nós temos a curiosa necessidade de relacionar filmes, lugares, coisas, frases, cheiros e o que mais a mente humana permitir a pessoas. Acontece (e é inevitável que aconteça) que as pessoas se vão, mas as coisas ficam. Na memória as lembranças ficam também, mas começam a ficar menos nítidas e vão se apagando, depois ou são substituídas por outras mais recentes ou, simplesmente, esquecemos que elas um dia existiram.
Faz parte, é inevitável. Em nenhum momento tive a intenção de remoer ou "relembrar" o passado nesse post, aliás, se o quisesse transformaria meu passado em presente de uma forma bem simples e direta. Contudo, é muito claro pra mim que não é isso que quero. Inclusive, estou extremamente satisfeita com as coisas boas que meu presente têm me dado: com ele pude reconstruir tudo que havia deixado de acreditar existir nas pessoas, assim como da capacidade de se gostar verdadeiramente de alguem. Por isso insisto em fazer com que no dia que meu futuro se tornar passado seja de uma forma diferente do que já senti e sem as amarguras, medos, inconpreensões reciprocas e dores que meu passado me trouxe e que demorei a curar ou a entender.
Por muito tempo não toquei nesse assunto, evitei expor-me. Agora, vejo o quanto meu silêncio fez sentido: somente com ele consegui desocupar minha mente. As vezes é preciso calar pra entender a sí mesmo, as vezes também é preciso limpar a terra, cuidar do solo, arar o chão e só então plantar pra se colher bons frutos. A analogia é clichê, mas é real. Confesso que só me recuperei da dor da queda quando essa dor já não me doía mais. Depois, fui reaprendendo a sentir, mas confesso que sempre tenho medo que minha felicidade tenha o mesmo fim. Só consegui afastar certas lembranças ruins (e as boas também) de mim quando tive novas lembranças pra encher minha memória.A gente só cura feridas abertas com amor próprio, e só então consegue curar as feridas dos outros.
Hoje, sei o quão grata sou a àquele que me fez me sentir feliz e completa de novo, e de um modo que eu ainda não conhecia. Sei também o quanto devo agradecer e ser agradecida por encher e me encher de esperança num amor bonito, sem rasuras ou rachaduras. Também sei o quão valioso é o que tenho, e agradeço por quem faz eu me sentir importante as cinco da madrugada no portão da minha casa, num despertar remelento as sete e meia da manhã ou em qualquer outra hora do dia seja a 500km de distância ou a 500 metros da minha casa.
Quanto ao filme e à tantas outras coisas aprendi que as pessoas vão e as coisas ficam. Ou melhor, as pessoas nos deixam o tempo todo e deixam tudo que um dia significaram pelo caminho ou no lixo, a quem preferir assim. Mas cabe a nós saber se as pessoas são dignas de ficarem na memória ou de serem apagadas.

(Não quero que esse post vire auto-ajuda, jamais! Mas aprendi que a maior 'auto-ajuda' a gente acha dentro de nós. É dificil? Sim, é obvio que é, mas ninguém nos entende melhor do que nós mesmos pra saber aonde vamos nos encontrar e aonde podemos nos perder, né?).

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