sábado, 15 de dezembro de 2007

da felicidade.

Eu vi um senhor na rua que fez eu pensar que felicidade vem assim: de lá, do nada, e às vezes se a gente quer ela até fica.
E que as coisas nem são tão complicadas como eu sempre achei.
E que a vida pode ser bem interessante.

Obrigada pessoinhas que fazem a minha vida interessante!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O telefone toca. São exatas cinco horas da tarde, eu sei que ele toca pra mim mas me distraio entre as páginas do caderno de cultura do jornal. Atendo o telefone procurando pela voz de um ano atrás e não pela que eu ouço. Procuro em abraços de outros os que eu não tenho mais. Procuro no voletom verde o cheiro que já não há.
A voz continua a me falar coisas (sem nexo) e eu penso em desligar na tua cara, por não receonhecer a tua voz. Queria mesmo era ligar praquele número que eu rebusco na memória...
A voz do outro lado do telefone (aquela que eu não reconheço) continua a me chamar e eu muda, quieta, atônita, sem me mover. Não, eu não falo nada! Sim, eu procuro pela outra voz, pela outra forma de chamar meu nome!

três, dois, dois, sete, nove, três, três e quatro.

Eu ainda me lembro?

O telefone toca duas vezes, atendem, eu pergunta pela voz que eu conheço e não, ela não está. tututututu...



"Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que
Alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim
Tão diferente..."

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Nostalgia - à minha avó

O sol reflete em meu olho e ofusca o que eu vejo logo a frente. Fecho os olhos e sei que posso sentir e reviver o cheiro de sol e recém lavado dos lençois cor-de-rosa da minha avó e eles parecem estarem sendo balançados frente ao meu olhar, como em uma coreografia sútil que relembra aquelas brincadeiras de nós quatro. Marília, Rodrigo, Mano e eu: os quatro primos. Sempre nós e eu sempre menor...

Memórias.

Memórias pintadas com os batons da minha avó.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu deus mas como você me dói de vez em quando.

- Caio Fernando Abreu

domingo, 4 de novembro de 2007

não chorar pelo que não foi

Não fale agora, por favor, já é tarde demais. Deixe-me ir. Não se manifeste e não me toque, por favor, não quero ficar vulnerável novamente. Não fale o que você não sente, eu percebo nestes olhos que você não diz a verdade e eu finjo não te dizer o que eu sinto aqui dentro. Mas tu vês, assim como eu vejo.
O momento já foi quebrado, a história já foi rompida, o choro já cessou e minha vontade de te ter continua imensa.

Boa noite! Um, dois, três beijos...

Nada justifica o inevitável!

"Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio".

sábado, 20 de outubro de 2007

estrela-guia


a gente sempre chama algumas pessoas de "luz da minha vida", "estrela guia"; tentando classificar a importância dessas pessoas como, talvez, essenciais...

poxa! a gente não percebe que as nossas luzes são sempre as pessoas que estão do nosso lado, nos dando a mão, dançando a dança da vida, chorando, rindo ou apenas do lado, pro que der e vier!

mais uma vez eu volto a falar do meu aniversário e da proximidade desta data. acho que os quinze, ou a noção de que a vida passa, de que nós escrevemos o nosso livrinho lilás e de que eu não sou mais nenhuma criança, me rendeu além de uma boa dose de liberdade, uma vontade IMENSA de viver.

na verdade nem era disso que eu queria falar, mas sim da constante pergunta que as minhas estrelas estão me fazendo: o meu presente. qual seria o meu presente? elas mal sabem que o melhor e maior presente que poderiam me dar é a companhia diária delas... essa dose diária de afeto que me dá tanto, mas tanto gás e que me faz levantar todos os dias de manhã, e que é o que me faz escrever agora. mãe, pai, rodrigo... eu seria totalmente injusta se continuasse listando as estrelas, são muitas, nenhum cientista e muito menos eu conseguiria descobrir o brilho de todas unidas, hoje, nessa fase da minha vida. mas prefiro parar por aqui, parar num começo, parar nesses três, nas três primeiras estrelas da minha constelação maior; da constelação aline.

por mais que dia vinte e quatro de outubro seja o dia do meu aniversário, é o dia de todas as minhas estrelas que nunca vão se apagar, jamais. vocês todos são parte dessa constelação, e a minha estrela é parte da estrela de você; o meu brilho depende do brilho de vocês.

tá, tá... chega de melação! o que mais me toca é saber que a minha felicidade consiste na capacidade que eu tenho de tocar vocês, que eu acredito que seja a mesma com que vocês me tocam. vocês todos são fodas.

pai e mãe, vocês são fodões. vocês dois, na verdade, são o meu sol... eu realmente não seria nada sem vocês! nada mesmo.

sei que eu deveria sair daqui, mãezinha, já é tarde. e eu amo quando tu se preocupa comigo e eu me finjo de teimosa... é por amor, sabia? amo quando tu me diz que eu tenho que dormir cedo pq amanhã (ou hoje) a tua filhinha tem que acordar cedo. paizinho, amo quando tu segura a minha mão pra atravessar a rua... a pequeninha de vocês dois vai ser sempre pequena, sempre menor que vocês dois. a primeira impressão é a que fica né? pois é... eu sempre vou ser pra vocês o bebêzinho que vocês viam de dentro da incubadora, há 15 anos atrás.

o tempo passa né? aniversários são ótimas épocas pra se falar disso, pra tratar desse tena clichê.

o tempo passa mas mesmo assim as estrelas continuam lá no céu.
sempre brilhando, cada vez mais.

obrigada por me presentearem com o brilho de vocês!



(4 dias)

sábado, 6 de outubro de 2007

A luz do seu quarto nunca se apaga e do lado de cá The Smiths faz chorar

Noite de sexta feira, acabei de ligar o rádio naquela mesma freqüência que eu tanto gosto. Tá bem abafado aqui dentro... Olho para os lados: janelas fechadas. Vontade de sentir a brisa da primavera, misturada com esse cheiro nauseante do pólem das flores que só a primavera tem.
Acabo me perdendo entre palavras avulsas, entre pensamentos e suposições distintas. Percebo que o rádio está ligado naquela estação que me agrada, escuto sem prestar atenção até que escuto uma musiquinha familiar... Uma musiquinha que lá do fundo disvirtua a realidade e a razão.
Os dedos alcançam o teclado batendo nas teclas freneticamente, o copo vai esvaziando graduativamente, os olhos enchem de lágrima calmamente, madrugada entediante do outro lado alguém com problemas iguais ou distintos dos meus. No fundo é uma mentira, só mais uma mentira para mim.

Por aqui, o rádio toca The Smiths e eu choro quando relembro tudo que não foi e poderia ter sido dito enquanto se pôde dizer tudo que se quis...

Tudo que eu quis!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

(re)memória.

Eu sempre busco algo bonito para escrever e, pensando assim, creio que a maioria das coisas bonitas acontecem fora da minha vidinha que, de certo modo, é bonita e eu não faço idéia do quanto. A minha vida ou, o que eu chamo de vida, é aquele conceitosinho barato do que nos ensinam desde cedo. Talvez eu não saiba e, só perceba realmente o quanto todos os gritos exagerados, as brigas desnecessárias e as incompreensões recíprocas são aprte de uma felicidade quanto eu não estiver mais aqui ou quando as bases da 'minha vida' não estiverem mais aqui.
Tenho pensado nisso ultimamente, um dia, cada um vai pro seu canto... Um dia, cada um sente vontade de construir o final da 'sua vida' e de aproveitar a 'sua vida'. Pra ser sicnera eu penso que as denominações de minha/sua/tua vida são um tanto quanto egoístas. Ou até mesmo a denominação de "vida". Pelo simples fato de que uma pessoa não é feliz sozinha. Existe com ela a saudade, o desejo, o amor, o consolo, o carinho, a carência, o afeto, o sonho. Uma necessidade de preencher, eu diria.. E o ser humanor é uma máquina de emoções... Das quais ele próprio não pode controlar.
Hoje, quando paro e olho para trás, relembro situações e não as vejo da mesma forma. Normalmente estes rituais de (re)memória são seguidas de frases do tipo "Como eu era idiota!", "Nossa! Como eu era diferente...". O tempo é um dos melhores remédios, se não o melhor. A gente só percebe certas coisas depois de muito tempo, assim como só consegue resovler algumas dessas coisas com o passar dos dias, anos, meses, ou como a minha mãe diz com o chacoalhar da melancias na carroça.
Quando penso nisso, lembro dessa necessidade empírica que as pessoas tem de mudar o passado. Se eu mudaria o meu? Não. Nunca. Apesar de tudo, o que eu sinto é muito mais certo e valioso do que idéias avulsas.
O que eu sou hoje é parte do que eu era, o que eu sou agora será parte do eu de amanhã.

Obrigada às partes da minha vida, digo, nossa. :)

domingo, 23 de setembro de 2007

Colírio.

O essencial é invisível aos olhos.
Só se vê bem com o coração...

Colírios, Colírios para se ver com os olhos.

as nossas pessoas e as outras pessoas; os nossos relacionamentos e os relacionamentos dos outros; a nossa casa, a casa dos outros e a nossa casa de praia. quem vê de fora quem vê de dentro. todos têm a mesma relação com tudo. tudo parece com tudo. toda situação lembra outra que tu teve há um tempão atrás? pq? aaah, sei lá.

qual a primeira coisa que tu nota quando tu entra em uma casa? qual a primeira coisa que tu nota quando tu vê uma pessoa? o que tu nota no relacionamento dos outros?
mas agora: o que tu repara quando tu entras na TUA casa? o que tu repara quando tu te olhas? o que tu repara nos teus relacionamentos?
o que te incomoda, na verdade não me incomoda.
o problema é a distancia, essa distãncia cretina e quilometrica, entre todos os tipos de coisas. a distancia de pensamentos, eu diria...
vejo as nuvens laranjas, roxas, azuis... sei que tenho que tirar as cutículas, sei que tenho que espremer um cravo no lado direito do nariz. mas o que o outro repara é a maneira que eu falo sorrindo ou o péssimo hábito de arrumar o cabelo. na verdade reparou que eu sou desligada, eque eu falo demais (eu diria).

repara na cor da parede, na manta do sofá. repara na rachadura no teto, no mofo atrás da TV do meu quarto. repara no sorriso, no olho, na maneira como gesticula. repara nas espinhas, repara na orelha, que esta na hora de cortar o acbvelo de novo, sem ao menos me perguntar se eu não quero deixar ele assim, ou se quero deixar ele crescer. repara em como eles brigam em como eles se apóiam. repara no abraço mal apertado em uma despedida, repara na forma como ela chora, quase que o tempo todo. repara no que ela pensa "quase chorando sempre, e sempre morrendo um pouco".

tudo é conexo, tudo é desconexo.

passam os tempos. a fórmula é o tempo. depois de messes parece que tu sempre conversou com aquela pessoa, mesmo tu sabendo só um décimo sobre a vida dela. depois de anos parece que tu não conhece mais ninguém e se auto entende muito pouco. é nostálgico demais, é solitário demais. então encontra novas pessoas com pessoas semelhantes, encontra brilhantes idéias, com semelhantes medos e dores.

depois de um tempo dentro da casa ela não se parece mais tão feia, parece até confortável. depois de um tempo as pessoas não te parecem mais tão fascinantes, cheias de mistérios e se tornam mais humanas simplesmente.

paradoxalmente pode acontecer tudo completamente ao contrario.


"a concretização da verdade nem sempre condiz com a tua sinceridade" (fragmento de uma conversa que tive com esse tipo de pessoa que a gente acha que conhece, mas conhece muito pouco)

sábado, 22 de setembro de 2007

Cheiro de Mofo e Guardado

E eu viro o rosto tantas e tantas e tantas e tantas vezes e sei que é tu, ali, garota, com a tua arrogância descomunal a me fitar as tuas duas vistas cor de noite. Tu e meu rosto, tu e minha mão, tu e meu olho, dentro do teu. Olho pra dentro dos teus olhos de noite e me vejo arrumando o casaco cinza com cheiro de guardado. Fez frio ultimamente, tudo cheira a guardado e mofo.
Olho pros dois lados, gostaria de fingir que eu não sou eu, gostaria de fugir pra dentro do teu mundo, gostaria de te dizer que não posso mais te ver assim sempre, durante todos os dias te vejo só, e sei que gostaria de ser teu.
Todas as coisas que eu nunca vou te falar, todas as músicas que não vão fazer tu te lembrar de mim... Esse amontoado de coisas toma conta do pensamento, dos olhos e da mente.

Fingiu e Riu.

Enfim, fugiu.