segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Dos Aniversários:

- Fechaosolhosefazumpedido.
Fiz o pedido, falei de estrelas e não conto pra ninguém.

domingo, 14 de outubro de 2012

Tombo de Bicicleta

desce a lomba em alta velocidade,
vento no rosto, cabelos ao vento,
faz a curva e freia bruscamente.

cair de bicicleta é dar de cara com a realidade
(só depois que dói).

domingo, 23 de setembro de 2012

agosto poderia voltar pros ipés roxos ficarem floridos de novo
ainda não entendi
depois de todas coisas bonitas que me deixastes,
porque teves de ir
quando a primavera, enfim, chegou?

terça-feira, 31 de julho de 2012

comecei a escrever uma bobagem qualquer, sem sentido
 virou rascunho.

(talvez um dia meu escrito encontre um rumo, e eu outro)

sábado, 14 de julho de 2012

Eu não te pergunto nada, não te peço nada, até não me preocupo onde e com quem você esteja.
Mas toda noite eu sussurro bem baixinho até o sono vir: me ama por favor.

sábado, 7 de julho de 2012

encontrei teu cheiro, assim - tão fácil, tão por acaso - na luva da minha mão esquerda,
antes esquecida no armário

domingo, 3 de junho de 2012

Vou ser sincera:
se eu fosse te falar tudo que tu merecia ouvir,
meu paladar já estaria gasto,

sorte minha que tenho preguiça.

sábado, 2 de junho de 2012

Rabisco

Primeiro te amei
sem dó, sem piedade
sem eira nem beira
sem tirar nem por

(porque é sempre tão dificil escrever sobre nós dois?)

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A chuva veio. Depois veio o frio, veio junho.
Aquele maio interminável se foi.
Depois de ir, vieram as lembranças.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Irreversível

O calor anormal do fim de maio me ferveu por dentro,
fez as palavras transbordarem, vir à tona.

Das certezas de agora, só tenho uma: eu voltei.

Casí Tormenta

mayo se quedaba interminable:
hojas secas del calor,
árboles casi sin ningún color,
un bochorno no transpirable,
una historia sin final.

ella caminaba por las calles
- sinfonía debajo los piés descalzos -
no reía, ni lloraba.

tenía ganas de lluvia,
nada más.




(poco a poco me pongo a escribir en español)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dos recortes

Aos dezesseis construí detrás da porta do quarto um mural de recortes de revista, cujo qual nunca terminei. Por muitas e muitas vezes quis findar, encerrar; e procrastinei tantas e tantas vezes que, quatro anos depois, os recortes continuavam lá, detrás da porta do quarto, grudados com durex, a minha espera, amarelados, admito, mas lá. Nunca os atendi.
Aos quase vinte anos mudei as prateleiras do quarto, doei roupas sem uso, me desfiz dos bichos de pelúcia, mas os recortes, estes continuavam lá. Foi bom enquanto durou nossa existência, eu pensei. Foi bom enquanto compreendia o que aquilo me dizia. Levo os recortes todos comigo, guardo tudo com carinho. Talvez comece tudo outra vez, talvez não. E eu, que gostava tanto de escrever sobre os talvezes, volto a escrevê-los. Talvez encontre outros recortes, sim, e continue guardando tudo aqui dentro.
Recortando, todo dia, mas guardando tudo quietinho, sem gritar, sem expor; porque é assim: a gente ser, estar, em construção.
e maio se finda uma folha de plátano, varrida, sempre outono.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

então abril chega rasgando saudades na pele dourada de março.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Que abril me traga todos os sorrisos que março me roubou. Que venha com bons ventos, que me traga sorte e amor, que não me deixe sofrer por favor. Que esse mês tudo dê certo.


Caio, sempre Caio.

quinta-feira, 22 de março de 2012

eu sou mais poesia
quando te tenho à distância

tua presença me enche daquilo que me falta
por isso, escrevo.
por dentro dos armários, o cheiro de pó compacto
pelas fronhas de algodão, o cheiro do batom vermelho
nos chicletes de caixinha, o cheiro de bolsa

lembro que quando vovó se foi
os cheiros continuaram vivos

domingo, 18 de março de 2012

Pra cantar junto:

http://www.youtube.com/watch?v=JW5DPJTJHxE

Velha & Louca - Mallu Magalhães

sexta-feira, 16 de março de 2012

- Mãe, o que significa arriscar? - é o que o menininho pergunta a sua mãe, no banco do fundo do ônibus.
Por um instante, passa na cabeça da mãe o risco e o rabisco. Mas passa também o universo de contraposições que separam aquilo que é riscado, e portanto, concretizado, daquilo que é só risco, e portanto, arriscado.
A mãe pensa em seus erros, seus acertos, muitos incompreensíveis pros quatro anos do menininho de cabelos em molinhas; mas sabe que é melhor dar uma resposta, não omitir informáções e muito menos ir contra o que acredita. Arriscar seria desenhar sem borracha, só com canetinha hidrocor, é o que o menino entenderia. Mas prefere simplesmente dizer:
"Ah, meu filho, deixa pra lá."

E o ônibus segue andando, (ar)riscando o mapa da cidade.

domingo, 11 de março de 2012

eu fui, levei a saudade no bolso da calça, eu amei, eu chorei.
eu vim, eu desfiz a mala, eu sorri, eu senti o vazio.

seria tão simples descrever as idas e vindas assim, mas o sentimento,
ah, o sentimento! ele não deixa as coisas serem vazias.

só a minha mala, agora.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Seis pontos na cabeça, amnésia temporária e um esfolão no braço.
Isso não doeu.

Nada havia doído tanto do que pensar que perderia seu pai cedo demais, sem ter lhe dado um beijo na bochecha na porta do trabalho.

Felizmente, não chegou a doer.



(minha forma de dizer o quanto amo meu pai e o quanto tive medo de perdê-lo, na última quarta-feira)

Domingo

Domingo é sempre um dia morno, um dia domingo. Como definir um dia da semana pelo seu próprio nome? Não sei, mas o domingo se auto-define. O domingo se alastra pela tarde diferente das segundas, terças, quartas, quintas e sextas-feiras. No domingo as pessoas só existem pela manhã, ou após o final de tarde; do meio-dia às seis é como se o tempo parasse e as pessoas evaporassem.
Gosto da calmaria de domingo numa cidade pequena do litoral, tão, tão, tão diferente da capital...
Nesse tempo trabalhando nas férias, sem folgas nem descansos, percebi que o domingo é o dia que mais me faz pensar. Talvez, porque, pensar tenha sido o meu modo de fugir pra um tempo-espaço que eu quero descobrir dentro de mim.
Lá fora a tarde corre, e os carros passam devagar. É, não me deixo mais sentar na poltrona num dia de domingo.