segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

eu aceitaria com todas as primeiras, segundas e terceiras intenções:
- um colo teu essa noite
- uma companhia na rede, na brisa do mar
- um pé gelado encostando o meu
- cochicho no meu ouvido
- um abraçar de quase se juntar
- carinho gostoso
- amor venenoso
- esmagamento mútuo
- cócegas na barriga
- cócegas no pé
- risadas bobas
- banho de mar a noite
- coisas que não posso dizer aqui
- que me levasse em casa de madrugada
- passeios de motocicleta de noite no vento
- sorvete de melão
- suco de abacaxi
- beijinhos de bom dia, de boa noite, de despedida, de amorzinho

ah, cansei de listar, mas eu aceitaria tanta coisa que viesse de ti. pena que ainda tenho que esperar pra poder consumar tudo que escrevi aqui.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

então, já parou pra pensar há quanto tempo se conhecem?
- hmm, quase três anos. respondeu quase sem pensar, pois sabia a resposta. mas essa pergunta a desacomodara, fazendo-a ter outras perguntas bobas: quanto dura o amor? será mesmo que ele é feito pra se contar?
talvez nunca fosse achar uma resposta, mas sabia muito sobre ela, sobre os dois. talvez tenham se gostado desde o momento que se viram, talvez não. sabia de tantas e tantas coisas dos dois, tantos detalhes, que não se preocupava em pensar no daqui pra frente.
tudo que ela tinham já a completava.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

não há pressa, não há passos. se tateio no escuro só ouço silêncios. se me calo, te escuto. deixei o melhor de mim perto de ti e, agora, não há mais volta. ou, até há, mas a volta e o futuro sempre tardam, já o presente é sempre tão breve.
não tenho pressa, tenho urgências. tenho um pedaço faltando, um vazio por dentro, um coração apertado, uma saudade sem fim. tenho passos descompassados, te tenho aqui. eu que não me tenho mais em mim?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Durante todos os dias, de todo o tempo que passaram juntos ela sempre fora um mundo novo pra ele. Estatura pequena, mil e um mistérios a serem descobertos, pouco menos de sete botões a serem abertos na blusinha de frufru. Uma boca macia, um perfume fresco. Olhos castanhos de caleidoscópio, mil e uma formas em uma só, a constelação num sorriso branquinho, mil fios de cabelos, calor primaveril nas bochechas. Podia não ser perfeita, mas sua presença era tão infinita quanto única. Pra ele.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

microconto

Tinha as ideias mais brilhantes na hora do banho - ou elas viravam espuma, ou se iam pelo cano.

microconto

Morava no 15º andar, só. Em dias de chuva apreciava o ballet das sombrinhas, isso era o mais bonito que seus olhos podiam suportar.

microconto

Erámos como flocos e melão, nós e nossos sorvetes. Embora não combinássemos, estávamos sempre doces sentados na sorveteria.

microconto

Madrugada de cinzas e silêncios: sonhando que podia voar, debruçou-se na sacada do edifcio. A avenida acordou estampada no jornal.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Se você não me reconhece mais andando pelas ruas, não chama mais meu nome, não crê que quem mudou fui eu. Talvez sejam os caminhos que mudaram, nossos papos não se encontram mais. Pensa no tempo - esse sim passa, esse sim muda. Mas não pensa que quem mudou fui eu. Continuo sempre a mesma, talvez mais eu, talvez eu mais minha. Não mudei mudando, pode me olhar de perto! O que mudou foi minha forma de ser, pois não faço mais nenhuma questão de buscar ser o que esperam que eu seja de mim.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Bolero

Quero dormir com meu amor
que lá no calor dele no abacateiro de seu tronto
não há dívidas, dúvidas, espantos
Lá parece domingo
na copa do sovaco cheiroso dele
Lá parece piquenique
parece simples mas é chique
morar no abraço do meu amor.
Não há temor
os medos fogem todos para a segunda-feira
e eu fico lá como um colibri pousado
no galho terno daquele feriado.

No beijo dele não há bancos
credores, cobradores, telefonemas,
moras, ameaças, perigo
lá fica longe todo o castigo
Eu sussurro, gemo, berro, grito
me aninho me esfrego
defendo o samba bom aos poucos
mas sem esforço.

Quero dormir com meu amor
sem gravidade no dorso
sem tempo-idades
naquele sábado dele
naquela missa
naquele terreiro
me cubro com seu carinho
como se fosse um xale.

Fico lá escondida, fugida
da pressão dos dias úteis
fico protegida e sem ultrajes
Fico charme e caule
dois pra lá dois pra cá
Bolero naquele baile.


Elisa Lucinda

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

guardo nossos recuerdos numa lata de biscoitos.
mas não uma lata qualquer.
guardo na lata mais bonita que já ganhei,
para que minhas lembranças de ti

sejam sempre doces

não doce de canela, mel, hortelã
mas o doce dos melhores sabores que já senti.

do bom gosto nos olhos, lábios e ouvidos guardo outras lembranças
que não cabem em nenhuma lata de biscoitos.

sábado, 4 de setembro de 2010

se um dia o amor virasse samba

eu me pergunto se é meu choro baixinho que vai cortar a noite e embalar a madrugada
me pergunto se eu quero ou se espero nosso encontro acontecer
se me despeço dos teus braços ou se me perco e me encontro no calor do teu abraço.
entre as coisas tais, muito além das casuais
eu procuro uma saída sem sair da tua vida
pois não quero, pois não posso,
compreender coisa alguma
sem o cheiro da tua pele sem o cheiro de nós dois
naquela parte do teu corpo aonde o ombro vira pescoço
e depois dormir em paz.

sábado, 28 de agosto de 2010

Até o ano passado eu sempre me achava muito certa de tudo e de mim. Achava que meus planos sempre dariam certo e que tudo sairia sempre como o planejado. Fiz desessete anos, e estou prestes a fazer dezoito: mais do que nunca sei que as idades não dizem nada. Nunca envelheci tanto do que nesse 2010, e falo de envelhecer mentalmente. A escola não permite que sejamos velhos, ela mantem nossa jovialidade transparecer o tempo todo. Das coisas do ano passado, talvez essa seja a que sinto mais falta. Poder falar o que penso, ser o que sou, além de uma saudade absurda das pessoas. Essas foram as coisas que 2009 deixou em mim: saudade.
Lembro que nos dias que tinha aula nos dois turnos, pensava no quanto queria que tudo aquilo acabasse; hoje penso diferente. Se pudesse eu queria apenas uma semana dessa rotina, desses gostos e dessas pessoas que me faziam muito bem e me entendiam.
Me sinto numa "entre-fases", que me fez me entender mais e me tornou mais egoísta também, me ensinou que as verdadeiras pessoas nunca mudam mas nós mudamos.
Aposentei meus sonhos de futuro do passado, mesmo sem ninguém entender o que chamo de aposentar. Deu lugar a outros, entendi, talvez, o que vai me fazer bem. Outra das coisas que aprendi é há, as vezes, saber tomar as decisões certas (ou as não tão erradas).
O tempo é muito tirano com as pessoas, nos pressiona a cada vez mais cedo decidir o que vamos ser quando nem sabemos quem nós mesmos somos. Até pra mim que pensava saber tanto de mim mesma, agora vejo que sei pouco. Vejo que tem gente que sabe mais dela do que eu. Sei das coisas que eu gosto, do que me completa, do que me satisfaz... Mas na hora de dizer quem eu sou ou quem quero ser ainda fico na dúvida. Preciso tomar decisões rápidas, o tempo tem sido muito tirano, quero que ele passe pra eu me ver evoluir e pra quem sabe me encontrar em mim.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

do tédio com você

Horas fora de compasso, roupas amarrotadas, lençois embolados pelos cantos, gosto de café ou menta. Depois de ter você, se caso o tédio chegasse, sei que tu faria um barquinho de papel pra que fugíssimos. Eu, com o pedaço de papel, faria estrelinhas coloridas, pra brilharem em ti. Mas se não houvesse papel inventaríamos histórias, motivos pra rir, brincadeiras sem fim até que eu me calasse. Quando tu perguntasse com teus olhos pretos e brilhantes "o que foi que houve?", depois de um sorriso branquinho e bonito sei que o suposto tédio iria todo embora - se é que um dia fosse sequer existir.
Quando te tenho aqui jamais conto as horas: meu descompassado segundo acelera e eu tenho medo de contar os minutos. Mas quando tu te vai fica esse vazio pela tarde. Eu tento relembrar teus artifícios, mas tua presença é algo que mente nenhuma poderia transpor a realidade. Depois de te ter, fica esse tédio diferente do que tenho contigo. Não o tédio da nossa preguiça, mas o tédio da nossa saudade.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Perdi horas de sono, palavras de serem escritas por esse vicio terrivel de pensar melhor, mais e profundamente durante meu banho. Ao fechar o chuveiro as ideias se vão com a agua. E eu, fico atônita esperando elas voltarem... Fato é que só aparecem quando não posso escrever e eu, só posso escrever quando não consigo pensar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Desejos

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.


(Drummond)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

aline . diz:
*eu acordei tão bem
*lembrava os dias que tu tava aqui
*e a gente deitava juntinho de manhã
Julio diz:
*espera mais um pouquinho?
aline . diz:
*espero sim

quarta-feira, 7 de julho de 2010

nem todos os liquens dão certo

da série 'simbiose'

simbiose I

-alguém tem que tomar as rédeas no nosso relacionamento...
-também acho.
-então, te dispõe?
-não sei não...não curto a responsabilidade. tu parece ser mais sensato.
-não...sou muito desligado com essas coisas...
-melhor desistir enquanto temos tempo então.
-é...mas foi bom te conhecer.

a alga foi pro seu canto, o mesmo com o fungo. nem todos os líquens dão certo.

simbiose II

-quero sentir teu corpo contra o meu... quero sentir você dentro de mim... quero que juntos sejamos um
-foi mal, mas teu estilo de vida não me atrai.

o fungo ficou ali no seu canto, a alga se foi. nem todos os líquens dão certo

simbiose III

-ainda podemos ser bons amigos
-não sei não...
-como não?
-olha, tu mesma disse que mesmo que tua sobrevivência dependesse de mim, tu não ficaria comigo. e agora, quer me tirar pra amiguinho?! vai se f...er sua ...dia!

nem todos os líquens dão certo.

simbiose IV

-uma mão lava a outra, certo?
-hm não é bem assim...
-como não?
-to caindo fora, pode me chamar de parasita.
-malditos transgênicos.

alguns líquens não dão certo.

simbiose V

-mas por quê?! achei q a gente tinha um lance legal...
-é, gosto de ti, mas esse relacionamento não vai nos levar a lugar nenhum.

se fungos e algas se locomovossem, a lisergia teria tomado rumos completamente diferentes. e alguns líquens teriam dado certo.

simbiose VI

-eu só queria alguém em quem pudesse confiar, alguém para quem pudesse dar e de quem pudesse receber, alguém que...
-olha, eu só quero ficar quieta aqui na minha, escorada e aproveitando o que vier, tá bom?!
-sua indie fodida e insensível!

nem todos os líquens dão certo

simbiose VII

-não desista.
-por quê não?
-por que ainda há tanto pelo que lutar, pensa nas coisas boas...
-hm.
-em todas as vezes em que vocês se apoiaram, todas as vezes em que, depois das águas passadas, tudo acabou bem, nos dias em que ela alimentou-te quando precisavas e nas noites em que tu deu abrigo a ela...
-olha, eu pensei muito nisso, e sei o que to fazendo.
-tem certeza?
-tenho.

nem todos os líquens dão certo.

simbiose VIII

-os caminhos cósmicos que levaram ao encontro de nossas almas...
-como?!
-estou me referindo à sincronização perfeita do universo que levou ao nosso encontro, entende?
-ah...
-é maravilhoso que tenhamos tantos agentes, de todas as forças ligadas a uma força maior, favorecendo o nosso amor...
-também acho, meu bem, também acho.
-nossa união não está selada, ela É selada, pois vem desde os princípios dos tempos, desde os primórdios que antecedem a própria criação.

de fato, alguns líquens dão certo.

http://www.dkmosrite.blogger.com.br/

sábado, 3 de julho de 2010

sobre o dia de hoje:

Já dizia Elis Regina:
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
e me pergunto do que serve uma idade
a não ser pra se contar em números?
viver envelhece muito mais
do que assoprar velhinhas de um em um ano

sexta-feira, 2 de julho de 2010

uma dica pra mim mesma:

daqui prá frente
tudo vai ser diferente
você tem que aprender
a ser gente

quarta-feira, 30 de junho de 2010

dos sonhos que eu tenho

Sou pequena, eu sei. Mas já dizia Drummond: "sou do tamanho daquilo que vejo, não do tamanho da minha altura". Mesmo sendo pequena tenho 1,59 metros de sonhos, e isso todos sabem. Sonho com tantas coisas que eu gostaria de ser, de fazer; mas também sonho com coisas simples. Ja fiz dois vestibulares (acho que as pessoas são novas demais pra decidir seu futuro, isso é uma coisa que só depois dos trinta se tem noção, eu acho - mas isso já é outra história) vivo na loucura de uma cidade grande como Porto Alegre e confesso que volta e meia isso me cansa. Não é essa a vida que quero pra mim! Talvez seja por isso que só pense em ter uma família (com filhos) daqui há um bom tempo e em uma cidade pequena. Falta em muitas pessoas a sensibilidade e calmaria que só as cidades pequenas nos dão.

Enquanto continuo sonhando e tentando ser nada de tudo que eu já pensei um dia, acho essas de fotos baixo perdidas por acaso. Definitivamente não me importaria de viver assim, eu seria muito mais feliz.




quarta-feira, 23 de junho de 2010

Metades

Porque, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. O quanto uso das partes que brigam dentro de mim. Há muito, eu me confundo. Porque metade não tem medo e levanta os braços, na descida da montanha-russa. Olhos abertos, enquanto outra acha melhor enfrentar a queda com as mãos na barra. Segurando forte. Espremendo os dois olhos, fechados, desde o começo do percurso. Das travas descidas sobre a barriga. Porque metade prefere brincar na beira da praia. No raso. Enquanto outra não vê problemas em pular dezenas de ondas e nadar onde a pequena bandeira vermelha, agitada pelo vento, avisa sobre o risco. Sobre a possibilidade de afogamento. Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Me confundo com as metades que brigam dentro de mim. Porque parte acelera na estrada, no momento da curva fechada. Pé direito até o fim, enquanto outra freia, bruscamente, ao ver a primeira placa. Seta torta, avisando sobre o perigo. Metade não suporta a burrice, a pequenez, a lerdeza. Outra, sempre calada, tolera a banalidade. Engole a ignorância. Convive com a mediocridade. Há muito, eu erro a mão. A dose. Me confundo com o que devo usar. Porque metade briga. Explode. Aponta o dedo na cara, enquanto outra se recolhe, quieta, debaixo da cama. No quarto fechado. No tudo escuro. Eu tenho uma metade que berra. Outra que sussurra. Uma parte que acredita em finais felizes. Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado. Eu tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha. Metade auto-suficiente. Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. Me perco. Há dias em que uso a metade que não poderia. Dias em que me arrependo de ter usado a que não gostaria. Porque elas brigam dentro de mim, as metades. Há algumas mais fortes. Outras ferozes. Há partes quase indomáveis. Metades que me fazem sofrer nessa luta diária. No não deixar que uma mate a outra.

(Eduardo Baszczyn)
*da série de coisas que eu gostaria de ter escrito.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças



Assisti ao filme da foto há um certo tempo, numa outra fase, com outros gostos e com uma ingenuidade que perdi com o que fui obrigada a sentir. Recentemente tenho me lembrado dele, chama-se "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças". Sei que, mesmo representando uma fase da minha vida que já passou, possui inúmeros significados que não cabem ao momento ficar listando aqui, até por que já não me fazem mais sentido. Se me perguntarem se foram momentos bons ou ruins, hoje eu diria que um pouco dos dois, um misto, porque até as poucas coisas mais bonitas que restaram, já me foram amargas demais e agora são apenas "o pouco que sobrou" e que eu guardei.
É exatamente por isso que recorro a ele. Joel e Clementine me ensinaram que nem tudo resiste ao tempo, quem dirá a memória. Nós temos a curiosa necessidade de relacionar filmes, lugares, coisas, frases, cheiros e o que mais a mente humana permitir a pessoas. Acontece (e é inevitável que aconteça) que as pessoas se vão, mas as coisas ficam. Na memória as lembranças ficam também, mas começam a ficar menos nítidas e vão se apagando, depois ou são substituídas por outras mais recentes ou, simplesmente, esquecemos que elas um dia existiram.
Faz parte, é inevitável. Em nenhum momento tive a intenção de remoer ou "relembrar" o passado nesse post, aliás, se o quisesse transformaria meu passado em presente de uma forma bem simples e direta. Contudo, é muito claro pra mim que não é isso que quero. Inclusive, estou extremamente satisfeita com as coisas boas que meu presente têm me dado: com ele pude reconstruir tudo que havia deixado de acreditar existir nas pessoas, assim como da capacidade de se gostar verdadeiramente de alguem. Por isso insisto em fazer com que no dia que meu futuro se tornar passado seja de uma forma diferente do que já senti e sem as amarguras, medos, inconpreensões reciprocas e dores que meu passado me trouxe e que demorei a curar ou a entender.
Por muito tempo não toquei nesse assunto, evitei expor-me. Agora, vejo o quanto meu silêncio fez sentido: somente com ele consegui desocupar minha mente. As vezes é preciso calar pra entender a sí mesmo, as vezes também é preciso limpar a terra, cuidar do solo, arar o chão e só então plantar pra se colher bons frutos. A analogia é clichê, mas é real. Confesso que só me recuperei da dor da queda quando essa dor já não me doía mais. Depois, fui reaprendendo a sentir, mas confesso que sempre tenho medo que minha felicidade tenha o mesmo fim. Só consegui afastar certas lembranças ruins (e as boas também) de mim quando tive novas lembranças pra encher minha memória.A gente só cura feridas abertas com amor próprio, e só então consegue curar as feridas dos outros.
Hoje, sei o quão grata sou a àquele que me fez me sentir feliz e completa de novo, e de um modo que eu ainda não conhecia. Sei também o quanto devo agradecer e ser agradecida por encher e me encher de esperança num amor bonito, sem rasuras ou rachaduras. Também sei o quão valioso é o que tenho, e agradeço por quem faz eu me sentir importante as cinco da madrugada no portão da minha casa, num despertar remelento as sete e meia da manhã ou em qualquer outra hora do dia seja a 500km de distância ou a 500 metros da minha casa.
Quanto ao filme e à tantas outras coisas aprendi que as pessoas vão e as coisas ficam. Ou melhor, as pessoas nos deixam o tempo todo e deixam tudo que um dia significaram pelo caminho ou no lixo, a quem preferir assim. Mas cabe a nós saber se as pessoas são dignas de ficarem na memória ou de serem apagadas.

(Não quero que esse post vire auto-ajuda, jamais! Mas aprendi que a maior 'auto-ajuda' a gente acha dentro de nós. É dificil? Sim, é obvio que é, mas ninguém nos entende melhor do que nós mesmos pra saber aonde vamos nos encontrar e aonde podemos nos perder, né?).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Porque era ela, Porque era eu

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu

(Chico Buarque de Holanda)

domingo, 13 de junho de 2010

Os Teus Pés


Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.


(Pablo Neruda)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Havia Marylins Monroes e toda gana de Fords, "I Love New York" teu vidro dizia. Teu cheiro lembrava James Dean que eu nunca vi e você me falava que eu já vivi. Teu relógio certeiro cortou minha lágrima, teu lenço em meu cabelo não deixou de sorrir e toda Chicago que havia em teu quarto você pôs aos meus pés e pediu pra eu não ir.
Você fez a cama e o jantar, quebrei teu espelho no meu dedo, você limpou meu azar. Sofia Loren também estava presente Le Homme, La Femme ensinava pra gente: O neoromantismo acabou por ficar. Só tenho pena do tango que eu massacrei ao dançar. Áfricas de ousadias nos navios pendentes, negro aflorava teu beijo mais quente afrontando meus lábios e eu pude sorrir.
Qualquer affair, qualquer delícia.
Alan Delon pode copiar teu cabelo e era meu o vestido vermelho que cheirou tuas mãos antes de mim. Havia qualquer condimento asiático, o filme no vídeo era muito mais rápido e teus olhos eram os meus que olhavam pra mim. A primeira lágrima no momento foi tua e estava tão perto que eu bebi.
Havia um blues, uma coca em lata. A saudade do que a gente não conhecia nos ensinou a refletir. Teu relógio certeiro cortou minha lágrima, teu lenço em meu cabelo não deixou de sorrir e toda Chicago que havia em teu quarto você pôs aos meus pés e pediu pra eu não ir.

Viagem - Leonia Oliveira

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu aqui, tu aí. Não os 530 km de costume, mais um pouco, quase 600 segundo o google maps. É esquisito, tu ai, eu aqui. Eu tão acostumada com as minhas boas e velhas coisas, e tu num mundo que eu nem sei como é, com cores que eu não conheço, ruas que eu não conheço. Sei que uma semana passa rápido, eu sei. O que me dói, me inquieta é essa distância que eu não conhecia, que tô tendo que conhecer mesmo sem querer. É tudo tão vazio! Chega tal hora e inconscientemente penso em te esperar, em te contar o meu dia e ouvir o teu; tenho saudade das nossas coisas boas e bobas. Confesso que acordo durante a noite e ainda parece que tô dividindo o mesmo colchão de solteiro contigo, quando te confesso isso tu me diz que essa verdade é a mesma pra ti.
Como não sei nada do universo que tu está habitando agora, eu fico pensando coisas atoa como por onde tu andará, o que tu estará fazendo, qual teu cheiro agora, qual teu sorriso... Coisas tão simples e tão bobas e tão intensas e tão nossas.
Calo buscando-te em mim. Calo querendo teu sorrisinho timido, mas tão sincero. Fico pensando se tu andou descalço, a quantas anda a tua gripe, se te alimentou bem, se fez a barba, se tá quentinho nesse frio de junho. Me faço tantas perguntas, menos bobas que as de antes, as de agora são mais bonitinhas, das besteiras do mês passado eu já esqueci...
Calo buscando a parte de ti que tu deixou em mim anteontem no meu portão (e já parece tanto tempo). Dessa vez tu levou e me deixou uma parte bem maior que das outras vezes (e sei que a parte tende a ser cada vez maior). Sei que tu só vai ler essa confissão quando voltar, mas queria por em palavras que sinto tua falta. Mais do que sentir tua falta queria rir contigo, sentir teu calorzinho, saber que tu tá bem e ficar bem também. Dizer que sinto tua falta em quase tudo é tão clichê, mesmo sendo sincero. É inevitável não pensar em ti, queria te esperar com um abraço bem apertado & pequeninho, um abraço bem meu.
Antes de dormir, como de costume, sempre penso em nós. Agora penso com mais força, fecho os olhos e pego no sono mais rápido... É dormindo que te tenho pertinho de mim, como num sonho. No sonho real que a gente vive.

pra lembrar de nós dois

quarta-feira, 2 de junho de 2010

eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
pode ser cruel a eternidade
eu ando em frente por sentir vontade

terça-feira, 1 de junho de 2010

"A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registro da realidade e um auto-retrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira" (Gérard Castello Lopes)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Não sei porque cargas d'água a vida, e mais especificamente o amor, tem que ser sempre assim. Nunca há o perfeito. Quando chegamos perto do que chamamos de perfeito há sempre um detalhe que torno o perfeito imperfeito. Talvez seja por isso que nos encantamos, que amamos: mais pelo imperfeito que pelo perfeito.
Se pensarmos bem veremos que sem os pequenos detalhes do imperfeito o perfeito por sí só se tornaria imperfeito. É a lógica das coisas: convivência demais estraga, amor demais estraga, ciúme demais estraga...
Não me venha dizer que estou ficando louca ou, então, que estou deixando de gostar de ti... Acontece que conforme o tempo passa começamos a pensar cada vez mais (e pensar tem me feito tão bem). Pensar nem sempre nos convence do negativo das (im)perfeições, pensar nos mostra mais motivos pra seguir naquilo que acreditamos. Acontece que, as vezes, eu mesma penso que meu imperfeito podia ser perfeito. Penso porque há coisas mais fortes que eu. Sei que tu também volta e meia pensa que seria melhor nos dois juntos que separados. Porém esse é o nosso imperfeito! É nossa distância que nos faz ser tão próximos e, por mais esquisito que seja, nos faz ser inseparáveis.
Prefiro deixar as coisas assim, sem tirar nem por. Acontece que, as vezes, queria te ter aqui pra me contar qualquer piadinha sem graça, pra me fazer rir, mexer no meu cabelo, me chamar de linda quando eu tô um caco, me abraçar bem forte e curar todos os males do mundo. Não sei por quanto tempo duraria se eu tivesse isso todos os dias, realmente prefiro ficar sem saber!
Viver é "reacostumar-se", pena que eu nunca volto a me acostumar em não dividir um colchão de solteiro contigo no meio da madrugada. Por mim, eu queria isso todos os dias, seria bonito e feliz. Não sei até que ponto seria, mas a princípio seria sim, muito.
Enquanto isso, tenho minhas doses espaçadas da tua presença pra me lembrar do quanto gosto de saber que o meu imperfeito continua sempre perfeito, pra mim, pra ti, pra nós.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Preciso de um banho para me esquentar, melhor seria com você. Até uma xícara de chá me esquentaria mais ainda se compartilhasse com você. Mas me contento com o só e os meus tão usados blusões de lã pra vencer o frio. Porque sei que você não vem hoje nem amanhã, você não está aqui no físico (no pensamento sim), no físico não.
Você some, você não aparece. Você é o que repito, dito e estranho ao escrever a palavra você. Você não fede, você não cheira.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Chorei algumas vezes porque a vida me dá pena, e é tão bonita.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu guardo muitas lembranças de bons momentos na memória, mas lembrança é uma coisa que com o tempo enche de pó, enche de neblina. Talvez seja por causa da seleção natural que minha mente faz que existam tantas cicatrizes pelas minhas pernas, braços, mãos e pés. Observar-me é como ler um livro de memórias meu, um antigo diário: a cada cicatriz lembro do momento, do gosto, do cheiro, das companhias e da dor que senti. A dor, é claro, é sempre o que mais marca e a sensação que mais dura, embora passe (e tudo sempre passa).
Tenho cortes profundos e outros superficiais, arranhões, fraturas, roxos, marcas de nascença e uma intensa história em quadrinhos nos meus joelhos. Contudo, o que mais me chama a atenção todo é a queimadura que carrego na panturrilha direita. Amarro os tênis, visto as calças, tomo banho e ela continua a me olhar. A me lembrar que amor queima, e é isso que penso (ou, como Camões, "Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer"). O que mais me toca é que fiz ela contigo, no escape da tua moto, enquanto a gente compartilhava um momento tão bonito quanto o nosso amor.
Sei que tenho andado meio fora de mim, mas passou. Tudo sempre passa. Toda vez que olho minha queimadura, penso que queimaria a perna de novo se preciso fosse pra ter de novo a felicidade que tive naquele e em tantos outros dias que me geraram tantos outros machucados. Minha queimadura me faz lembrar da parte que diz que "amor é dor que desatina sem doer", me faz lembrar de músicas felizes, de risadinhas no portão, de vento no rosto e da minha felicidade em tudo, tudo isso.
Sei que da minha perna ela não vai sair tão cedo (ou, quem sabe, nunca sairá). Enquanto isso ela permanece me fazendo lembrar que as lembranças sempre ficam mesmo que, e não é esse o caso, a gente finja que elas sumiram ou que nunca existiram.
Enquanto o esquecimento não chega, e sempre busco tardar essa chegada, continuo escrevendo minhas lembranças no meu livro de memórias e deixando lembranças em mim e pelo mundo. Assim, ao menos, de vez em quando lembro que coisas boas existiram e sorrio e transbordo a minha felicidade. Ser feliz não deixa de ser uma forma de se (re)fazer a felicidade.
Eu digo isso tudo porque eu acredito em ti. Mas querida, não todas as dores que vão embora, nem todas vem com um prazo de validade – o qual a gente nunca consegue identificar. Não querida, não estou dizendo que não há cura, não estou tentando te roubar esperanças, isso você nunca deve deixar alguém roubar. Estou dizendo que eu te acredito, que sei que tua dor é real, que sei que não parece ir embora, mas acontece que você também precisa acreditar em mim, pois o tempo não leva tudo, ele só mascara as dores antigas e trás uma novinha em folha. Eu vou estar aqui quando vierem novas dores, por isso não faça disso um beco sem saída.
E não me diga que tu sabes, porque se tu soubesse de tudo isso, não insistiria em fazer de tudo uma tragédia. Nada é tão trágico assim, as coisas acontecem, e nós nada podemos fazer a respeito disso. A não ser continuar, porque sempre se pode continuar e seguir em frente, nunca te faltará estradas, nunca te faltarão caminhos e eu vou segui-los junto contigo. Por isso querida, hoje à noite, quando fores te deitar, não diga a si mesma que tudo está acabado. Só feche os olhos e esqueça isso tudo, porque amanhã, eu vou estar aqui para te apoiar.

os Por Acaso fazem sentido, sim!

Não vou mentir, não ando na minha melhor fase mas depois de tanto pensar e de me calejar por dentro sei que passa. É tudo uma questão de (me) ver melhor, (me) sentir melhor e reencontrar coisas pequenas e fantásticas que ficam no fundos das gavetas. No caso, a gaveta sou eu mesma, e as coisa fantástica é a capacidade de me fazer feliz.
Depois de muitas lágrimas, algumas mágoas e a certeza que só o amor próprio pode curar o meu mal (para que assim eu possa, então, curar os males dos outros) eu, nessa tarde cinza e fria de outono, me deparo com essas palavras. O por acaso faz sentido sim. Isso era (quase) tudo que eu precisava ler/ouvir.
Agora, com licença, preciso me preencher do que eu mesma deixei me faltar. Fiquem com as palavras enquanto eu mergulho no mais profundo dos poços que existem dentro de mim.

"Mas você precisa aceitar. É necessário que aceite, ser feliz não é questão de apenas querer, você tem que aceitar que a felicidade o preencha. Mas também é importante que você queira, porque não basta desejar, precisa querer ser feliz com cada parte do seu ser, você precisa acordar pela manhã e ter certeza de que o dia será bom, não importando quantas desilusões virão pela frente. A felicidade esta em ser positivo, em seguir em frente de olhos e coração bem abertos, pra que tudo seja capaz de entrar e ser visto como realmente é, sem nenhuma distorção. Porque todos nós temos o grande costume de fazer da vida pior do que ela é, e eu sei que você faz isso, mas escuta, pra nossa felicidade eu preciso que você esteja aberto também."

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.


Caio Fernando Abreu

sábado, 8 de maio de 2010

mas ficou tudo fora de lugar
café sem açúcar, dança sem par
você podia ao menos me contar
Uma História Romântica

e O Nosso Amor a gente inventa
pra se distrair

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eu liberto nas palavras
transmuto a minha vida em versos
da maneira que eu bem quiser.
Depois de tanto tempo de estudo
venho pra cá em busca de mim.

(Vitor Ramil)

domingo, 25 de abril de 2010

Não botar os pés pelas mãos, fingir se acostumar com o desconhecido alheio, varrer minhas folhas secas e secar a varanda quando esqueço a janela aberta. São coisas tão práticas postas em palavras, contudo duvido que algum ser humano pensante impulsivo ansioso consiga dar conta de tudo aquilo que outro ser humano pensante impulsivo e ansioso espera de outro, e vice-versa.
Tenho aprendido tanto com o viver, tenho me tornado uma pessoa melhor e sem os medos antigos. Mas com novos medos, e novos sonhos também. Por mais que mudem (e mudam o tempo todo), vejo que apesar dos apesares os sentimentos são sempre os mesmos.
Quando esqueço de varrer a minha varanda e quando esqueço a janela do meu quarto aberta de propósito para o temporal entrar, é uma forma de me renovar. Fazer-me diferente nessas situações é o que chamo de crescer em mim, por dentro (já que por fora cresço muitíssimo pouco há uns três anos). Descubro coisas de mim que eu não conhecia, capacidades de ser um pouco menos pensante impulsiva e ansiosa do que eu pensava em situações complicadas. Se esse fosse meu último dia de vida e pudesse dar um conselho a quem quer que fosse seria esse: descobre mais de ti. Já mudei tanto, seja por dentro ou por fora. Quando escuto alguém me dizer que continua o mesmo e que jamais vai mudar penso comigo mesma "ao menos finge te acostumar com o que tu não conhece de ti nos outros". Fingir, finfir se acostumar. Porque aos poucos a mudança vem, e quando ela chega é necessário deixar o vento passar com as folhas secas na varanda. É preciso deixar a chuva lavar a cama, a cortina, o chão, o travesseiro. Esquece-se a porta aberta e a janela se deixa de propósito aberta, pra sentir aquele gostinho de que tudo se renova, por dentro e por fora. No que eu sinto e no que os olhos podem ver.

domingo, 18 de abril de 2010

Não que eu estivesse (te/me/nos) esperando.
É que eu sempre espero demais (de você/de mim/de nós).

terça-feira, 13 de abril de 2010



A onda ainda quebra na praia,
Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando nós dois.

Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois

Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas

Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
O último homem no dia em que o sol morreu


(O último pôr-do-sol - Lenine)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Soluços na janela,
tropeços no escuro

Minha vida é uma longa espera
do que quero,
pois me falta, pois me tem.

Por isso, espero.
- sem pressas
(baixinho e quietinho) -

e ai de Quem me diga
Que a vida é breve, amada,
e o Amor mais breve ainda...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

amor anos 50

(para ouvir ao som de All my loving - The Beatles)

- Escuta essa música, tu vai lembrar de nós dois na motocicleta sem capacete
...
- E ela combina contigo.

*Só pra constar que esse diálogo real foi uma das coisas mais bonitas que já ouvi de alguém.

A tua presença

Mensagens constantes,
sinais constantes,

sorrisos no silêncio

sempre constando
Constantes.

Constante a certeza
de que já não posso mais
separar o eu de ti
(o teu do meu, o meu do nosso)

Mesmo quando somes, quando foges
quando olhas, quando cansas
quando evitas, quando calas

Tampouco quando
faz frio.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Gosto de brincar de ser tua garota, enquanto tu é meu garoto. Como garoto&garota passamos dois meses juntos, nos vimos todos os dias religiosamente. Depois das onze horas da noite, ouvia a buzina de leve e sabia que era tu: sempre te esperava e tu, sempre me perguntava o que iríamos fazer. Indecisão sempre tomava conta de mim e mais ainda de ti, mas sempre tinhamos um programa: as vezes quietinho, as vezes bonito, as vezes simples, as vezes inventado.
Assim, passamos por dias ensolarados, dias cinzas, dias&noites chuvosas, chuvas internas e sorrisos constantes. Descobrimos lugares, mas descobrimos mais ainda nós mesmos.
Gosto de pensar que posso brincar de ser tua garota se tu concordar, pois tu sempre será o meu sem que eu pense duas vezes do contrário.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Contradição.

Se eu contar, ninguém acreditaria. Os momentos mais bonitos e incriveis que já vivi não estão nas minhas fotografias. Contraditório pra alguém que gosta tanto disso quanto eu, mas nesses momentos prefiro sentir e viver intensamente do que me preocupar em guardar esses segundos de forma estática. Meus olhos já viram muito mais do que minhas fotografias podem provar. Aconselho a fazer o mesmo, viver mais e se preocupar menos nas lembranças. As memórias sobrevivem mais tempo na cabeça, sem traças, amarelados ou cheiro de pó.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Tenho pensado muito no tempo, já é de se perceber. O tempo brinca de pega-pega com a gente, cheguei a essa conclusão. Ou talvez sua brincadeira preferida ao invês de pega-pega seja esconde-esconde. Não importa. O tempo tem brincado comigo, e eu não tenho fugido dele, nem me assustado.
Às vezes leio umas coisas antigas daqui, por diversão, pra lembrar como eu me sentia, como eu era. Apesar de ter mudado muito, sei que não mudei nada. E é isso que me faz pensar no tempo, nas coisas que eu ouvia (e ainda ouço), no que eu sentia (e ainda sinto) e nas dúvidas transformadas em certezas. O que são dois anos? Vinte quatro meses? Ou setecentos e trinta dias pra quem preferir?
Muita coisa, é verdade. Meu riso é por perceber dois anos depois o mesmo cheiro adocicado, o mesmo portão batendo e a mesma música na minha cabeça quando recosto meus sonhos no travesseiro depois da nossa clássica despedida.

Um dia tu disse que era por tempo indeterminado, né?

(não deixei de acreditar nisso)

sábado, 9 de janeiro de 2010

É de verdade?

Às vezes tenho crises, às vezes tenho somente fases. O inesperado tem me feito ser mais positiva, e menos medrosa ao mesmo tempo. Tenho visto as coisas se encaixarem, e esse ano tem começado bem melhor que o esperado. Tive nos primeiros momentos de 2010 o que eu chamaria de melhor impossível, diferente de tudo aquilo que o final de 2009 representou pra mim. Por isso, sinto que esse ano me espera coisas boas, melhores do que tudo que sou agradecida até agora. Tenho percebido vendo o tempo passar que apesar de tudo esse mesmo tempo é curto e pequeno demais pra tudo que eu sinto; assim como a saudade que me mostra o quanto a espera e o respeito valem a pena.
As coisas não vão mal, muito pelo contrário, vão muito bem. Vejo com olhos de esperança esse novo ano, respiro os bons ares desse começo de 2010 anseando que se estendam pelo que vier pela frente. Acho que não estou enganada não, pois até onde sei o calor de um abraço apertado ou uma respiração ofegante na minha face não podem não ser sinceras. Não, não podem.