quarta-feira, 26 de setembro de 2007

(re)memória.

Eu sempre busco algo bonito para escrever e, pensando assim, creio que a maioria das coisas bonitas acontecem fora da minha vidinha que, de certo modo, é bonita e eu não faço idéia do quanto. A minha vida ou, o que eu chamo de vida, é aquele conceitosinho barato do que nos ensinam desde cedo. Talvez eu não saiba e, só perceba realmente o quanto todos os gritos exagerados, as brigas desnecessárias e as incompreensões recíprocas são aprte de uma felicidade quanto eu não estiver mais aqui ou quando as bases da 'minha vida' não estiverem mais aqui.
Tenho pensado nisso ultimamente, um dia, cada um vai pro seu canto... Um dia, cada um sente vontade de construir o final da 'sua vida' e de aproveitar a 'sua vida'. Pra ser sicnera eu penso que as denominações de minha/sua/tua vida são um tanto quanto egoístas. Ou até mesmo a denominação de "vida". Pelo simples fato de que uma pessoa não é feliz sozinha. Existe com ela a saudade, o desejo, o amor, o consolo, o carinho, a carência, o afeto, o sonho. Uma necessidade de preencher, eu diria.. E o ser humanor é uma máquina de emoções... Das quais ele próprio não pode controlar.
Hoje, quando paro e olho para trás, relembro situações e não as vejo da mesma forma. Normalmente estes rituais de (re)memória são seguidas de frases do tipo "Como eu era idiota!", "Nossa! Como eu era diferente...". O tempo é um dos melhores remédios, se não o melhor. A gente só percebe certas coisas depois de muito tempo, assim como só consegue resovler algumas dessas coisas com o passar dos dias, anos, meses, ou como a minha mãe diz com o chacoalhar da melancias na carroça.
Quando penso nisso, lembro dessa necessidade empírica que as pessoas tem de mudar o passado. Se eu mudaria o meu? Não. Nunca. Apesar de tudo, o que eu sinto é muito mais certo e valioso do que idéias avulsas.
O que eu sou hoje é parte do que eu era, o que eu sou agora será parte do eu de amanhã.

Obrigada às partes da minha vida, digo, nossa. :)

domingo, 23 de setembro de 2007

Colírio.

O essencial é invisível aos olhos.
Só se vê bem com o coração...

Colírios, Colírios para se ver com os olhos.

as nossas pessoas e as outras pessoas; os nossos relacionamentos e os relacionamentos dos outros; a nossa casa, a casa dos outros e a nossa casa de praia. quem vê de fora quem vê de dentro. todos têm a mesma relação com tudo. tudo parece com tudo. toda situação lembra outra que tu teve há um tempão atrás? pq? aaah, sei lá.

qual a primeira coisa que tu nota quando tu entra em uma casa? qual a primeira coisa que tu nota quando tu vê uma pessoa? o que tu nota no relacionamento dos outros?
mas agora: o que tu repara quando tu entras na TUA casa? o que tu repara quando tu te olhas? o que tu repara nos teus relacionamentos?
o que te incomoda, na verdade não me incomoda.
o problema é a distancia, essa distãncia cretina e quilometrica, entre todos os tipos de coisas. a distancia de pensamentos, eu diria...
vejo as nuvens laranjas, roxas, azuis... sei que tenho que tirar as cutículas, sei que tenho que espremer um cravo no lado direito do nariz. mas o que o outro repara é a maneira que eu falo sorrindo ou o péssimo hábito de arrumar o cabelo. na verdade reparou que eu sou desligada, eque eu falo demais (eu diria).

repara na cor da parede, na manta do sofá. repara na rachadura no teto, no mofo atrás da TV do meu quarto. repara no sorriso, no olho, na maneira como gesticula. repara nas espinhas, repara na orelha, que esta na hora de cortar o acbvelo de novo, sem ao menos me perguntar se eu não quero deixar ele assim, ou se quero deixar ele crescer. repara em como eles brigam em como eles se apóiam. repara no abraço mal apertado em uma despedida, repara na forma como ela chora, quase que o tempo todo. repara no que ela pensa "quase chorando sempre, e sempre morrendo um pouco".

tudo é conexo, tudo é desconexo.

passam os tempos. a fórmula é o tempo. depois de messes parece que tu sempre conversou com aquela pessoa, mesmo tu sabendo só um décimo sobre a vida dela. depois de anos parece que tu não conhece mais ninguém e se auto entende muito pouco. é nostálgico demais, é solitário demais. então encontra novas pessoas com pessoas semelhantes, encontra brilhantes idéias, com semelhantes medos e dores.

depois de um tempo dentro da casa ela não se parece mais tão feia, parece até confortável. depois de um tempo as pessoas não te parecem mais tão fascinantes, cheias de mistérios e se tornam mais humanas simplesmente.

paradoxalmente pode acontecer tudo completamente ao contrario.


"a concretização da verdade nem sempre condiz com a tua sinceridade" (fragmento de uma conversa que tive com esse tipo de pessoa que a gente acha que conhece, mas conhece muito pouco)

sábado, 22 de setembro de 2007

Cheiro de Mofo e Guardado

E eu viro o rosto tantas e tantas e tantas e tantas vezes e sei que é tu, ali, garota, com a tua arrogância descomunal a me fitar as tuas duas vistas cor de noite. Tu e meu rosto, tu e minha mão, tu e meu olho, dentro do teu. Olho pra dentro dos teus olhos de noite e me vejo arrumando o casaco cinza com cheiro de guardado. Fez frio ultimamente, tudo cheira a guardado e mofo.
Olho pros dois lados, gostaria de fingir que eu não sou eu, gostaria de fugir pra dentro do teu mundo, gostaria de te dizer que não posso mais te ver assim sempre, durante todos os dias te vejo só, e sei que gostaria de ser teu.
Todas as coisas que eu nunca vou te falar, todas as músicas que não vão fazer tu te lembrar de mim... Esse amontoado de coisas toma conta do pensamento, dos olhos e da mente.

Fingiu e Riu.

Enfim, fugiu.