quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eu te espero, era o que costumava dizer sempre. Não importando muito a que distância estivesse, se o tempo passaria, se tinha compromisso ou hora pra chegar em casa. Era o que sempre dizia a quem pedia pra que ficasse um pouquinho mais, pra quem queria guardar um pouquinho mais daquelas boas lembranças na memória ou então, pra quem queria crer em algo mais concreto do que apenas em boas recordações. Costumava esperar, sempre. Hoje, mesmo sabendo que são poucas as coisas que valem realmente à pena esperar, não prenuncia com tanta frequência esse verbo nem pras coisas pequenas e poucas.
Na última despedida, mais ou menos um mês atrás, não quis dizer e não disse que esperaria. Sabia que o tempo não esperaria por ela, nem por ninguém. Talvez por isso só tenha dito que voltaria. Eu vou voltar, disse enquanto fazia um último abraço demorar um pouco mais pra acabar. Disse que voltaria, talvez porque agora acreditasse que os dois durariam mais um pouco. Talvez porque essa fosse a primeira despedida, entre as outras tantas, em que ambos acreditavam na volta. Mesmo sabendo tudo um dia acaba, mas acreditavam que voltasse ao menos pra dizer que não voltaria novamente ou, então, que nunca esperou que um caso ao acaso esperasse tanto pra não acabar.


"Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar /
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar / E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar / E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar / E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar / Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar / Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar / E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar / E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou / E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou / E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais / Que o mundo compreendeu / E o dia amanheceu
Em paz
"

[ Valsinha | ChicoBuarque ]

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