terça-feira, 19 de agosto de 2008

Café.

Chega em casa meio-cedo-meio-tarde, é uma corriqueira terça-feira, a tarde já tarda, já passa das cinco (hora do chá), queria que fosse mais cedo, queria que fosse mais quente. Já antes de abrir a porta, sente o cheiro de café fresco vindo da cozinha, cortando a sala de jantar sem mais escalas até seu olfato pouco aguçado e só sente o cheiro porque os dias úmidos tem os cheiros mais intensos. Mas não só por isso sente o cheiro, sente porque sabe que, mesmo longe de si, as probabilidades daquele ele estar tomando café agora são extremamente altas. Sente, porque a ausência constante é presente no pensamento de forma constante também. Sente não apenas isso, sente também alegria ao sentir o cheiro de café fresco. Sente a visita quem sabe recíproca na mente alheia, sente ainda o abraço forte e a força do vento de lá. Sente o cheiro do café, e já sente a enxaqueca que o café provocaria caso tomasse toda a cafeína que não bebe há dois anos.
Já do lado de dentro da porta e sem a chave na fechadura, descalça o sapato de cada pé com a ajuda do outro enquanto o chaveiro chacoalha. Joga a mochila estampada de bottons em um canto da sala enquanto se pergunta se o café dela condiz com o dele, se é do seu agrado, se falta açúcar ou se não parece tão fresco assim. Não que saiba fazer café, apenas gostaria de saber do gosto alheio, saber se ele beberia o café que ela nunca fizera porque esquecera da água fervida no fogão.
Forte ou fraco? Simples assim.
Um gosto apenas. Mais um gosto bom da vida que depois de um tempo enjoa, como muitas outras coisas. Pena que nem tudo é tão simples assim, para se desdizer e se desdenhar depois de certo tempo.

Talvez acerte o café do agrado dele. Sem muito açúcar, porque enjoa, né?

Nenhum comentário: