sábado, 5 de outubro de 2013

Atravessei setembro entre dias de chuva e frio e de calor e esquecimento. Não sei o quanto o sofrer influi em nossa abstração do mundo exterior, mas não vi o tempo passar. Sei que passou. Um mês atrás, um mês e tudo mudar.
Do inverno se fez primavera. Não vi vi os ipês florirem, nem senti o cheiro doce do polén pelas ruas. Do lado de cá, ouvi os sabiás cantarem e anunciarem a vida nova.
Eu, ainda limitada, queria apenas pedalar minha bicicleta pelas ruas da cidade, sentir o vento no rosto, o calor do sol na pele e celebrar a imensidão da tarde de sábado que vem, mas que não me invade daqui do lado de trás da janela.
Me senti pela primeira vez na vida só, impotente. Nos piores momentos, me vi sozinha. E a vida é isso mesmo, não é? Senti medo, confesso. Não tenho medo da dor, sou corajosa - é o que dizem, sempre. Não sei se acredito nisso, a menos que ser corajosa não significar que me rendo. Nos meus vinte quase vinte e um anos, não acredito em sorte. Queria pensar em justiça, em igualdade, mas não consigo. E um porque ecoa aqui dentro por alguns momentos, em outros penso no sentido disso tudo e quando percebo já perdi o fio da meada.
O mundo visto por dentro dos muros do hospital tem outro ritmo, parece. As horas, os dias, o silêncio passam todos diferente. Não sei se é porque a fragilidade da vida nos faz repensar muitas coisas, ou tudo isso é uma questão de prioridades.
Mas eu sigo, se for pra seguir. Mais forte do que nunca, foi o que prometi.

Alguns abraços, desde então, tem sido mais quentes, outros mais fortes, todos mais apertados. E as palavras mais sinceras.

Não tenho medo da dor. Tenho medo é da tristeza, de seguir sozinha.

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