domingo, 25 de abril de 2010

Não botar os pés pelas mãos, fingir se acostumar com o desconhecido alheio, varrer minhas folhas secas e secar a varanda quando esqueço a janela aberta. São coisas tão práticas postas em palavras, contudo duvido que algum ser humano pensante impulsivo ansioso consiga dar conta de tudo aquilo que outro ser humano pensante impulsivo e ansioso espera de outro, e vice-versa.
Tenho aprendido tanto com o viver, tenho me tornado uma pessoa melhor e sem os medos antigos. Mas com novos medos, e novos sonhos também. Por mais que mudem (e mudam o tempo todo), vejo que apesar dos apesares os sentimentos são sempre os mesmos.
Quando esqueço de varrer a minha varanda e quando esqueço a janela do meu quarto aberta de propósito para o temporal entrar, é uma forma de me renovar. Fazer-me diferente nessas situações é o que chamo de crescer em mim, por dentro (já que por fora cresço muitíssimo pouco há uns três anos). Descubro coisas de mim que eu não conhecia, capacidades de ser um pouco menos pensante impulsiva e ansiosa do que eu pensava em situações complicadas. Se esse fosse meu último dia de vida e pudesse dar um conselho a quem quer que fosse seria esse: descobre mais de ti. Já mudei tanto, seja por dentro ou por fora. Quando escuto alguém me dizer que continua o mesmo e que jamais vai mudar penso comigo mesma "ao menos finge te acostumar com o que tu não conhece de ti nos outros". Fingir, finfir se acostumar. Porque aos poucos a mudança vem, e quando ela chega é necessário deixar o vento passar com as folhas secas na varanda. É preciso deixar a chuva lavar a cama, a cortina, o chão, o travesseiro. Esquece-se a porta aberta e a janela se deixa de propósito aberta, pra sentir aquele gostinho de que tudo se renova, por dentro e por fora. No que eu sinto e no que os olhos podem ver.

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