Horas fora de compasso, roupas amarrotadas, lençois embolados pelos cantos, gosto de café ou menta. Depois de ter você, se caso o tédio chegasse, sei que tu faria um barquinho de papel pra que fugíssimos. Eu, com o pedaço de papel, faria estrelinhas coloridas, pra brilharem em ti. Mas se não houvesse papel inventaríamos histórias, motivos pra rir, brincadeiras sem fim até que eu me calasse. Quando tu perguntasse com teus olhos pretos e brilhantes "o que foi que houve?", depois de um sorriso branquinho e bonito sei que o suposto tédio iria todo embora - se é que um dia fosse sequer existir.
Quando te tenho aqui jamais conto as horas: meu descompassado segundo acelera e eu tenho medo de contar os minutos. Mas quando tu te vai fica esse vazio pela tarde. Eu tento relembrar teus artifícios, mas tua presença é algo que mente nenhuma poderia transpor a realidade. Depois de te ter, fica esse tédio diferente do que tenho contigo. Não o tédio da nossa preguiça, mas o tédio da nossa saudade.
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