quarta-feira, 6 de julho de 2011

das manias que herdei da minha vó, uma é o sentir frio pelos outros.
lembro quando era pequena e ela sempre contava minhas camadas de roupa, que eram e ainda são muitas.
bolacha maria, fogão a lenha, cascas de laranja secando no fogão, infância.
deve ser por isso que me tornei friolenta assim, fui mal acostumada.
pés, mãos, dedos, rosto: tudo gelado, ainda mais onde não há como cobrir.
em dias frios como hoje, se vejo alguém sem roupa por opção, sempre me pergunto como pode alguém passar frio por escolha. e o pior, gostar. porque uma coisa e não sentir, a outra é ignorar que o corpo precisa estar quentinho e coberto.

e ai de quem me vier dizer que frio é psicológico; se fosse, ninguém morreria de hipotermia, sem opção, todos os anos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

acho engraçado o ritmo das coisas, como elas acontecem. do nada senti vontade de por aquele kings of convenience das horas certas pra tocar, fez todo o sentido: o dia cinza lá fora, o chão molhado.
pensei que não escreveria mais aqui. pois venho escrever.

sempre fui de fases musicais, mas com kings of convenience não é assim. nossa relação não satura, não se desfaz. começo a ouvir e é como se nos conhecessemos a anos, com a mesma intimidade, a mesma sincronia desde aquele agosto de 2009 quando fomos apresentados. agosto chuvoso, de ausências.

I'd rather dance, I'd rather dance with you: é isso que toca. e no que eu penso? em uma dança que sequer existiu com os pés sujos de areia da praia, num fim de tarde, com um vestido leve, branco, a pele bronzeada. lembro de ti correndo atras de mim pela praia e nós dois caindo na areia e, depois, um beijo. uma lembrança feliz, eu diria. com a mesma intimidade, a mesma sincronia de sempre.
"I'd rather dance with you" pois sei que, quando estou contigo, nós dançamos qualquer música que tocar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

todos os blogs que eu lia, foram abandonados pelas pessoas que eu conhecia.
inclusive yo.
mas eu não sei se me conheço bem.

sei que abandonei, essa parte que eu tinha.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

bobinho

olhei para o relógio e disse pra mim mesma que ia deixar tu dormir mais. mesmo não podendo te ver, é bonitinho saber que tu sonha com coisas bonitinhas agora.
eu, sinceramente, dava bastante coisa pra te ver grunhir baixinho, pra roçar teus cabelos, zelar teu sono.
me faz falta, mas me faz mais falta ainda saber que não tem tu aqui pra me ver acordar, me olhar dormindo.
por isso te deixei dormir, vou até te acordar, sem me importar caso tu queira dormir mais.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tenho atraso de leituras
de sentimentos e distâncias também

de aquietar em mim o inexplicável,
de amar, (des)amar, amar
só não atraso sentimentos.

Não tenho pressas, urgências
os vazios eu fechei, transbordou por dentro.

Aprendi a usar relógio analógico
mas os ponteiros perderam o compasso
- o ritmo natural das horas enloqueceu.

Já me perdi, mas me encontrei além do tempo espaço
quando quiser me perder de novo
é só controlar meus atrasos em mim.