segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Inspirações III

amar o perdido
deixa confundido
este coração.

nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

as coisas tangíveis
tornam-se insensíves
à palma da mão

mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

(drummond)

- e ir aonde o vento for

das ironias da vida que compreendi nos últimos dias
ainda engasgo pensando no ritmo das coisas inexplicáveis e irremediáveis.
ainda exito na linha tênue entre o mundo onírico e o mundo real.
ainda, ainda.

há, nesse amontoado confuso de lembranças transpostas pro presente,
algo que me faz pensar se tudo está onde deveria estar.
ou, ainda, se eu estou onde deveria estar.
não sei, não sei.

como saber?

fecho os olhos e me coloco no tempo presente:
pessoas transpostas de lugar, tempo-espaço desconexo,
músicas descompassadas, o tempo voando.

a vida me fazendo me sentir pequena perto do universo
esse tão grande, tão sábio.
uma fita-cassete rebobinada e amassada,
em que a tela da tevê (minha retina, no caso), não reproduz a ordem exata dos fatores,
mas a ordem arbitrária daquilo que o mundo quer que eu veja, viva.

eu, tão pequena.
o universo tão imenso
noite adentro
lá fora.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Eu trabalhei no litoral catarinense como atendente de lan house por duas temporadas de verão seguidas. O trabalho me rendeu uma boa grana extra, além do contato direto com argentinos, uruguaios e demais hablantes de espanhol em férias. Do trabalho em si não sinto falta, muito menos da ausência de folgas, do tumulto e de descontar dois reais numa nota de cem. Mas se tem algo que faz falta são as pérolas que eu ouvia e que aconteciam muito por trabalhar diretamente com o público.
Eis que mexendo nos meus arquivos encontro essa daqui:

- Dónde hay un punto de taxi acá?
- Al lado el mercado
- Y cómo se llama?
- El punto de taxi?
- No, tu, nena.

(...)

sábado, 3 de agosto de 2013

Defensa de la alegría, Mario Benedetti

dDfender la alegría como una trinchera
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias
y las definitivas

defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias
y los graves diagnósticos

defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias

defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres

defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña
de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo
de los proxenetas de la risa

defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar 


y también de la alegría.











(o novo poema da minha vida)


um caderno na bolsa:
páginas amassadas, páginas arrancadas, páginas em branco
histórias mil do que poderia ter sido e não foi

tatear no escuro

analogias com um futuro a ser escrito
o que há de vir, o que há de faltar

a insustentável leveza de ser
- entrelinhas -